O antigo Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, a filha e empresária Isabel dos Santos e o genro, também empresário, Sindika Dokolo estão a ser investigados pelas autoridades do Mónaco, escreve o jornal português Expresso na sua edição deste sábado, 18, adiantando que na origem das suspeitas estarão elevados montantes depositados em instituições financeiras naquele principado.
“Isto pode atingir muita gente que no passado detinha poderes e ligações com Isabel dos Santos e marido”, revelou um oficial dos Serviços de Investigação Criminal de Angola, que acompanha o caso em estreita colaboração com a Interpol.
Veja Também José Eduardo dos Santos iniciou combate à corrupção afastando Manuel Vicente, diz Sindika Dokolo"Encruzilhada", continua o jornal, foi como reagiu às investigações o antigo primeiro-ministro e dirigente histórico do MPLA Lopo do Nascimento.
A mesma fonte recorda ainda que é sabido que, no Mónaco, a empresária angolana e o marido têm activos imobiliários no valor de 53 milhões de euros, nos quais investiram através da sociedade maltesa Athol Limited.
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"Aperto do cerco"
As investigações já decorrem há alguns meses e terão ganho nova força depois do arresto preventivo decretado pelo Tribunal Provincial de Luanda, a 30 de Dezembro de 2019, de várias contas bancárias e empresas de Isabel dos Santos e do marido.
Noutro artigo também publicado hoje, com o título “Aperto do cerco a Isabel dos Santos já faz danos colaterais”, o Expresso escreve que a multinacional de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) vai deixar de trabalhar com empresas controladas pela família de José Eduardo dos Santos.
Veja Também Isabel dos Santos: "há um ataque político, há uma agenda política" interna no MPLA“A questão é séria e delicada e levou mesmo um alto quadro da PwC de Londres a deslocar-se a Lisboa, esta semana, com a missão de tratar do dossiê Isabel dos Santos”, escreveu o jornal lembrando que a PwC tem sido, nos últimos anos, uma das principais auditoras e consultoras das empresas controladas pela filha de José Eduardo dos Santos, que também chegou a trabalhar com a Sonangol quando Isabel dos Santos era PCA da petrolífera.
“Perante as recentes alegações, [a PwC] iniciou de imediato uma investigação interna, procurando apurar com o máximo rigor todos os factos e concluir este processo. A PwC não hesitará em tomar as medidas necessárias para garantir os mais elevados padrões de comportamento ético e profissional”, disse fonte oficial da auditora ao Expresso, acrescentando que “adicionalmente, foram tomadas as acções necessárias para pôr fim à relação profissional existente com entidades controladas por membros da família de [José Eduardo] dos Santos.”
A auditora PwC é a primeira a afastar-se publicamente de Isabel dos Santos, mas não é a única a querer cortar a ligação aos negócios com a família Santos, indicam fontes em Portugal.
Isabel dos Santos acusa
Isabel dos Santos tem reagido prontamente às acusações em várias entrevistas.
À VOA, na primeira semana de Janeiro, reiterou que a decisão do Tribunal Províncial de Luanda é parte de uma agenda da campanha para a eleição do presidente do MPLA, que acontece nos próximos 12 meses.
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Ela ainda refutou todas as acusações feitas pelo tribunal e reafirmou que milhares de pessoas podem podem estar em risco de perder empregos.
A empresária também acusou Lourenço de fechar mais de 50 contratos, desde 2017, no valor de três mil milhões de dólares sem licitação e de conduzir uma campanha selectiva em nome da luta contra a corrupção.
Veja Também "Muita coragem, que a luta continua”, disse José Eduardo dos Santos à filhaNesta semana, em entrevista à RTP, de Portugal, afirmou que sempre informou as autoridades portuguesas dos seus investimentos e que não temia que as suas participações fossem também arrestadas naquele país europeu.
“Todos os investimentos que fiz em Portugal tiveram a autorização do Banco Nacional de Angola. São investimentos que resultam dos meus dividendos, que o Banco Nacional de Angola autorizou a exporter”, afirmou Isabel dos Santos que manifestou a sua confiança na justiça portuguesa.
Ainda não há uma reacção de Isabel dos Santos ou do antigo Presidente angolano às revelações do jornal português.