Joe Biden e o seu dilema de Cuba

  • VOA Português
Depois de abertura de Barack Obama e mais sanções de Donald Trump, repressão em Cuba coloca o Presidente americano face a uma escolha difícil

Os recentes protestos de rua em Cuba estão a colocar a Administração Biden numa posição delicada quanto à política a seguir, dadas as divisões internas dentro do seu partido e entre os democratas no Congresso sobre o que fazer em relação à ilha comunista.

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O dilema cubano de Biden - 4:00

Durante a Administração Obama, os Estados Unidos iniciaram um período de degelo, estabelecendo relações diplomáticas com Cuba e aliviando diversas restrições.

Mas a maior parte dessas medidas foi cancelada durante a Presidência de Donald Trump.

Cuba tinha sido até agora no Governo de Joe Biden algo nunca mencionado, um tema esquecido entre outros enormes problemas internacionais com que os Estados Unidos têm que diariamente lidar.

Antes das manifestações e da violenta reacção das autoridades cubanas no dia 11, um grupo de 80 congressistas democratas tinha escrito uma carta ao Presidente pedindo o regresso à política da Administração Obama e lembrando-lhe que foi isso que ele promteu na campanha eleitoral.

A repressão das autoridades cubanas levou a que isso esteja de momento abandonado, mas sem que haja também uma outra alternativa.

Levou tempo até o Presidente Biden fazer um declaração descrevendo Cuba como um “Estado falhado que reprime o seu povo” e o comunismo como “um sistem falhado universalmente”.

As autoridades cubanas alegam que a razão porque o país apresenta dificuldades económicas e a falta de produtos é o embargo dos Estados Unidos.

Muitos dentro dos Estados Unidos querem que o Governo alivie essas sancões afirmando que elas prejudicam apenas o povo cubano e não afectam as autoridades cubanas.

O senador Bob Menendez, descendente de cubanos, disse à cadeia de televisão CNN não acreditar nisso e que o Governo do Presidente Biden não irá seguir o exemplo do Presidente Obama em aliviar as sanções a Cuba.

Bob Menendez

“Não penso que a Administração Biden seja a Administração Obama”, disse Menendez para quem “a Adminsitração Biden tem uma visão muito clara e tem o benefício da experiência do que aconteceu durante a Administração Obama em que houve concessões totalmente unilaterais ao regime, reconhecimento diplomático, movimentação livre de dólares, movimentação livre de turistas e muitas outras coisas e o regime faz absolutamente nada”.

Menendez disse que o governo cubano não tinha reciprocado “não só em termos de direitos humanos e democracia, não só porque continuou a manter na prisão activistas políticos, jornalistas independentes e aqueles que buscam a liberdade no país mas porque não mudou o bem estar do povo cubano em termos de alimentos e suprimentos médicos”.

Tendo em conta o eleitorado cubano americano em zonas como a Florida, que tradicionalmente não aceita concessões a Cuba, Bob Menendez - da ala dura do Partido Democrata em relação à política para a ilha - é uma voz a que o Presidente tem que sem dúvida dar ouvidos.

Mas quando se chega aos detalhes, Menendez parece também não ter resposta de uma terceira via en manter o statuos quo ou abrir as portas às relações multilaterais,

"O meu ponto de vista é que devemos ajudar o povo cubano, mas não devemos fortalecer o regime, não devemos enchê-lo de dinheiro para continuar a financiar o mesmo sistema de segurança que actualmente reprime o povo cubano”, disse Menedez à CNN, o que em termos práticos pouco ou nada signfica.

E é isso que deixa para já a poltica americana em relação a Cuba no impasse.

O que acontece há dezenas de anos... há espera que algo suceda.