O procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, abriu uma investigação que pode levar ao cancelamento do acordo de delação premiada de três executivos do grupo J&F, dono do frigorífico JBS, e que envolve o presidente da República, Michel Temer.
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Rodrigo Janot determinou que seja feita a revisão dos acordos de delação premiada de Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva.
Segundo o procurador-geral, um áudio no pen-drive entregue à procuradoria indica que o ex-procurador Marcelo Miller teria atuado em favor dos colaboradores Joesley Batista e Ricardo Saud antes de se exonerar do Ministério Público Federal.
Depois de deixar o cargo, Marcelo Miller foi trabalhar no escritório de advocacia que negociou a delação da J&F.
Essa delação premiada inclui um áudio do dono da JBS, Joesley Batista, com o presidente da República, Michel Temer.
Com essas provas, o presidente foi investigado pela procuradoria por corrupção passiva, obstrução de justiça e organização criminosa.
Mas, no início do mês passado, a Câmara dos Deputados não autorizou o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar a denúncia enquanto Michel Temer estiver no cargo. Ele só poderá ser julgado a partir de 2019.
Segundo Janot, uma eventual rescisão do acordo de delação premiada dos executivos da JBS não invalidaria as provas até então oferecidas. O que poderia ocorrer seria uma perda de benefícios obtidos com a delação.
O governo e seus aliados comemoraram a notícia e disseram que a delação está viciada.
Para especialistas, a reviravolta no caso abala ainda mais a credibilidade da Lava Jato.
O cientista politico Thiago Vidal, da consultoria Prospectiva, explica que a estratégia do procurador com o discurso sobre a revisão do acordo da JBS é alertar novos delatores sobre as consequências de delações mentirosas ou com omissão de provas.
Janot disse que se o acordo de delação premiada for desfeito, os três executivos da JBS podem até mesmo ir para a prisão.