A empresária Isabel dos Santos recorreu ao pedido de resposta junto do Jornal de Angola para refutar a ideia de que a sua nomeação para a presidência do Conselho de Administração da Sonangol tenha sido um acto de nepotismo.
"A sua afirmação, de que o meu estatuto de ‘filha de um chefe de Estado' teria sido uma desvantagem para garantir o financiamento necessário para a reestruturação da Sonangol, é contrariada por factos facilmente verificáveis. De destacar que trabalhei ao longo da minha carreira profissional (20 anos) com esse estatuto, sendo que o mesmo nunca me impediu de desenvolver relacionamentos bancários com as principais instituições financeiras internacionais", escreve Santos em resposta nesta quarta-feira, 29, ao editorial daquele jornal público.
O novo director Victor Silva defendeu, na altura, que a nomeação de Isabel dos Santos dificultou a petrolífera nacional em conseguir "os financiamentos externos necessários ao seu desenvolvimento por saber-se que no combate ao branqueamento de capitais há pessoas politicamente expostas" e que "estão sob o radar do mundo financeiro mundial".
Na sua resposta, Santos explica que “a palavra nepotismo significa a promoção de uma pessoa incompetente para um determinado cargo pelo único facto de ser membro da sua família", o que, para ela, não se aplica em virtude da sua trajectória como empresária.
Isabel dos Santos envia um recado ao jornal ao que dizer que “deveria caber à comunicação social informar e educar a opinião pública sobre temas desta natureza de forma responsável, em vez de incendiar polémicas infames que têm em si motivações políticas”, em referência à designação de “pessoa publicamente exposta” atribuída por Silva à empresária.
No texto, ela lembra que foi durante a sua gestão que a Sonangol conseguiu estabelecer ligações bancárias e “ter contas abertas nos Estados Unidos de América".
Caos na empresa em 2016
Num texto publicado logo após a sua exoneração, Isabel dos Santos revelou pormenores do “caos financeiro” que disse ter encontrado na companhia petrolífera em 2016.
A empresária garantiu que a Sonangol tinha um serviço de divida de cerca de 7.000 milhões de dólares a serem pagos em 2016 e 2017 e que a dívida total da empresa era de 16.000 milhões de dólares, o que indicava uma “rotura financeira”.
A companhia tinha deixado de pagar aos fornecedores de combustíveis desde o início de 2015 e possuía uma dívida em combustíveis refinados de 1.600 milhões de dólares.
Isabel dos Santos não explicou, no entanto, como é que antes da assumir a direcção da empresa, a Sonangol tinha chegado a esta situação ou quem era responsável por isso, mas disse que sob a sua liderança a companhia conseguiu fazer uma reestruturação financeira que resultou numa redução doserviço da dívida para 2.600 milhões de dólares este ano e 1.400 milhões de dólares em 2018.