Isabel dos Santos diz "é possível" concorrer à Presidência de Angola

Isabel dos Santos critica João Lourenço

A empresária angolana Isabel dos Santos admitiu que “é possível” candidatar-se à Presidência do seu país e acusou João Lourenço de estar a instrumentalizar a justiça numa “perseguição pessoal e política” para a neutralizar politicamente.

"Tenho um grande sentido de dever em relação a Angola. Eu farei tudo o que terei de fazer para defender e prestar os serviços à minha terra e ao meu país", disse Isabel dos Santos em entrevista à RTP, de Portugal, na noite de quarta-feira, 15, admitindo que "é possível" candidatar-se à Presidência.

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Questionada sobre o combate à corrupção, a bandeira de João Lourenço, a filha do antigo Presidente angolano defendeu que há que olhar para onde ela está" e, citamos, "não podemos usar a suposta luta contra a corrupção de forma selectiva para neutralizar o que achamos que possam ser futuros adversários políticos".

Isabel do Santos afirmou estar a ser alvo de uma "perseguição política e pessoal" por parte da justiça, por indicação do próprio Lourenço.

Manter o legado de José Eduardo dos Santos

Quanto ao pai, ela disse que José Eduardo dos Santos deixou um grande legado político em Angola.

“É um legado que eu e muitos angolanos gostaríamos de ver respeitado”, sublinhou.

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Em relação ao embargo dos seus bens e contas em Angola, alegadamente por dever ao Estado cerca de mil e 100 milhões de dólares, a empresária afirmou estar chocada e que a acusação é "baseada em várias mentiras".

"Não me foi dada a oportunidade de todo de me defender. Não fomos informados de que havia um procedimento no Tribunal de Luanda. Nunca recebi uma notificação nem foi dada ocasião de prestar nenhum esclarecimento", concluiu Isabel dos Santos.

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"Quero acreditar numa justiça justa", diz Isabel dos Santos

O arresto dos bens

A 30 de Dezembro de 2019, o Tribunal Provincial de Luanda ordenou o congelamento de todas as contas e bens de Isabel dos Santos, do seu marido Sindika Dokolo e do presidente do Banco de Fomento de Angola, Mário Leite da Silva por considerar que “ficou provada a existência de um crédito para com o Estado” de mais de mil e 100 milhões de dólares.

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O despacho indicou ainda que na sequência desses negócios o Estado transferiu por via das empresas Sodiam e Sonangol “enormes quantias em moeda estrangeira... sem que houvesse o retorno convencionado”.

Segundo o documento, Isabel dos Santos, o marido e Mário Leite da Silva “reconhecem a existência das dívidas, porém alegam não ter condições para pagar”.