Em Moçambique assiste-se ao debate sobre como é que o país pode tirar partido do investimento estrangeiro, sobretudo dos megaprojectos, porque há a percepção de que não está a conseguir reter a riqueza que essas companhias geram.
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Economistas dizem que Moçambique é um país que tem muitas fragilidades institucionais, o que pressupõe não só a impunidade, mas também a incapacidade de o Estado se impor e poder regular melhor as práticas das companhias privadas.
E neste aspecto não são apenas os megaprojectos, mas também as pequenas e médias empresas que exploram recursos minerais e florestais, um pouco por todo o país.
Jorge Matine, do Centro de Integridade Pública, instituição moçambicana vocacionada à defesa da transparência e boa governação, diz que é preciso tirar partido do investimento estrangeiro, sem menosprezar a qualidade e quantidade desse investimento.
Economistas fazem notar a forte dependência da economia moçambicana em relação aos megaprojectos e a natureza intensiva do seu capital, que não gera oportunidades suficientes de emprego.
As receitas fiscais cobrem cerca de 65 porcento do orçamento de estado, uma vez que os megaprojectos beneficiam de incentivos, que segundo vários economistas, nem sequer precisam.
Alguns economistas defendem que Moçambique já devia estar numa fase adiantada de procura de uma forma eficaz de lidar com o investimento estrangeiro, que traz não só dinheiro, mas também práticas, relações e até mão-de-obra, que muitas vezes tem sido o grande problema.
Mas há um outro factor: até que ponto é que as companhias que vêem investir em Moçambique estão ligadas àquilo que são os padrões de boas práticas ao nível internacional.
O economista Eduardo Sengo, da Confederação das Associações Económicas de Moçambique, diz que esse debate está em curso, envolvendo as diferentes partes envolvidas, incluindo o Governo e o empresariado.