Inventores e Criadores de Angola querem ajuda financeira

Em muitos países africanos, inovadores aproveitam a energia solar. Angolanos querem investir, mas faltam recursos.

Criada Fundação dos Inventores.

A falta de apoio do Governo de Angola aos inventores e inovadores tem estado a condicionar o seu progresso e a prestação de um contributo eficaz para o desenvolvimento do país.

Angola enfrenta uma crise de “quase tudo” e, os criadores são chamados a dar solução ao problema.

Fruto da sua participação em eventos internacionais, onde são colocadas à prova as capacidades de criação dos “cérebros” provenientes de várias nações, os inventores angolanos já trouxeram para Angola perto de 50 medalhas de ouro, prata e bronze.

Lei Gomes Lunguiani é o Presidente da Associação Angolana dos Inventores e Inovadores e diz que em grande parte destas provas, os criadores nacionais trabalharam com meios próprios para representar condignamente Angola no exterior.

Para o também inovador e criador é importante fazer do inventor um profissional vocacionado para pensar na solução dos problemas do país, “sobretudo nesta época em que se defende a diversificação das fontes de sustento da economia nacional”.

Sozinho Miranda da Silva é um inventor na área das Ciências da Computação e Mecânica. Ele fala sobre a sua inovação – um forno solar, cujo objectivo é ajudar o país a combater a fome e a pobreza, sobretudo, em zonas onde se regista a escassez do gás.

Mas, a preocupação dos inovadores não se restringe apenas à questões económicas.

O criador angolano está de igual modo atento à questões ambientais. Criou um forno eléctrico para o fabrico de pão em grandes quantidades, em pouco tempo e sem recurso ao gás butano, carvão e lenha. Tudo isto para não ver o meio ambiente a ser danificado.

Outro inventor é Pedro Keta que desenvolveu um sistema anti-roubo para automóveis, cuja eficácia está técnica e cientificamente comprovada, mas está na gaveta.

Iniciativas como estás são muitas, mas falta apoio para materializar, disse Miranda da Silva.

Angola é actualmente membro da Federação Internacional das Associações dos Inventores. A presença do país neste organismo internacional que reúne os melhores inventores de todo mundo e, as 48 medalhas já conquistadas, significa que o nação está “num patamar muito elevado”, disse Lunguinai.

Para o criador, o maior desafio é mudar o quadro do estatuto do inventor. Esta mudança consiste em fazer dos criadores grandes profissionais.

“Este é o desafio em que a Associação Angolana dos Inventores está apostada no sentido de mudar o quadro para que tenhamos inventores profissionais, porque nos outros países o inventor é um património e uma riqueza”, disse.

Apesar do apoio institucional do Ministério da Ciência e Tecnologia para realização de feiras e igualmente para exposição das criações angolanas em eventos internacionais, a Associação Angolana dos Inventores e Inovadores lamenta que os problemas de ordem financeira sejam os maiores obstáculos para o seu progresso.

“O inventor não pode continuar a tirar do bolso dele para investir num projecto. Nós se formos à feira apresentamos um projecto debilitado, porque o seu dinheiro não lhe permite apresentar um trabalho acabado. Perante um trabalho de um alemão ou um francês, a distância é grande em termos de qualidade de apresentação”.

Encontro de inovadores angolanos

Lei Gomes, o líder da AIIA, falava à margem da III Assembleia Geral da Associação dos Inventores e Inovadores de Angola, que decorreu de 19 e 20 de Agosto em Luanda.

Entre outras questões, proclamou a criação da Fundação dos Inventores.

O organismo tem como presidente o antigo Ministro angolano dos Petróleos, Desidério Costa, e terá como missão a criação de um fundo para apoiar os autores de Angola, segundo as linhas de actuação traçadas no acto da sua proclamação.

Angola enfrenta uma crise resultante da baixa do preço do petróleo. A situação tornou a vida mais cara no país.

Os criadores angolanos querem também dar o seu contributo na solução deste problema, mas para tal, precisam vencer o “cavalo de batalha” que se chama défice de energia.

Para o líder da AIIA o progresso industrial só é possível com o pleno funcionamento da indústria, daí que está a ser desenvolvido um projecto que visa “inventar” um gerador auto-sustentável para além de um outro relacionado a simplificação do ensino da matemática.