A fragilidade da legislação sobre a indústria extractiva fez com que empresas do sector se furtassem de pagar ao Estado moçambicano mais de 300 milhões de dólares em 2021, diz a organização não-governamental Oxfam.
Entretanto, a sociedade civil aplaude o facto de Moçambique ter sido classificado como o primeiro país em África e o terceiro no mundo no cumprimento das normas da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva, mas alerta que ainda há muitos desafios.
O assessor da Política Fiscal da Oxfam em Moçambique, Henrique Machado, afirmou que ‘’o regulamento fiscal em redor do sector extractivo em Moçambique ainda precisa avançar muito’’, e anotou que ‘’existe a questão das empresas multinacionais que tentam evitar o pagamento dos impostos, que poderiam fazer enorme diferença em termos de qualidade dos serviços públicos e no desenvolvimento econômico do país’’.
Veja Também Moçambique: Os "interesses" do regresso da TotalEnergies a Cabo DelgadoRefira-se que muitas organizações moçambicanas vocacionadas à transparência e boa governacão, entre as quais o Centro de Integridade Publica (CIP), têm alertado também para o facto de muitas empresas do sector extractivo tudo fazerem para evitar ou pagar o mínimo possível de impostos.
Entretanto, o Fórum do Comitê de Coordenação da Iniciativa de Transparência da Indústria Extractiva saudou o facto de Moçambique ser o primeiro país em África e o terceiro no mundo com alto grau de transparência na indústria extrativa, segundo a mais recente avaliação do Board Internacional da ITIE, com sede na capital norueguesa, Oslo.
Veja Também Exploração de gás natural sem fundo soberano preocupa especialistas moçambicanosPara Germano Brujane, daquele fórum, isso mostra que “estamos a progredir em termos de reformas que possam garantir maior transparência no sector extractivo, embora existam ainda muitos desafios porque o país é novo neste sector’’.
‘’A vantagem é que Moçambique vai ter maior credibilidade a nível internacional porque os investidores querem desenvolver os seus negócios num país onde as coisas funcionam de forma transparente’’, realçou o membro do Fórum do Comité de Coordenação da Iniciativa de Transparência da Indústria Extrativa.
Veja Também Analistas defendem que as receitas de gás devem beneficiar a população moçambicanaO director dos Assuntos Jurídicos no ministério moçambicano dos Recursos Minerais e Energia, José Amigos, considerou que a classificação que o país obteve, ‘’é uma prova de que os moçambicanos têm sabido levar a cabo acções necessárias que visam fazer dos recursos naturais um benção para o desenvolvimento do país, através de uma participação activa e concertada entre os diferentes actores’’.