Industriais do caju em Moçambique exigem do Governo a revisão da legislação que regula este sub-sector, para torná-lo mais competitivo, face à concorrência desleal de operadores vietnamitas e indianos, que criou um cenário muito complicado para os empresários moçambicanos do ramo.
Nos últimos anos, a indústria do caju, a nível mundial, tem vindo a enfrentar uma crise que levou a que todos os países processadores, incluindo a India e o Vietname, que são os principais nesta actividade, pusessem em marcha uma série de planos para mitigá-la.
Refira-se que estes dois países vêm a Moçambique e também à Tanzania e Costa do Marfim comprar a castanha em bruto e exportam-na também com casca para ser processada em fábricas indianas e vietnamitas, em condições bastante vantajosas para essas indústrias.
A India, particularmente, elevou de 45 para 70 por cento a sobretaxa da amêndoa pronta, para poder controlar o mercado da castanha de caju, criando uma situação bastante complicada para a indústria moçambicana.
"Esta é uma questão bastante relevante, considera Gonçalo Ferreira, da Associação dos Industriais do Caju de Moçambique, anotando que, para assegurar a manutenção das suas indústrias, a India e o Vietname fizeram a actualização de uma série de políticas para tornar o sector mais competitivo.
Ferreira refere que essa iniciativa incluiu desde protecções à entrada do produto acabado até redução da carga fiscal e incentivos e subsídios às empresas processadoras, "para que estas nunca pudessem parar.
Entretanto, pontua, “em alguns países, incluindo Moçambique, a actualização deste quadro regulatório para a indústria tem vindo a atrasar-se."
Trata-se, segundo Gonçalo Correia, que é também Presidente do Conselho de Administração da fábrica do Bilene, na província de Gaza, de uma questão de justiça para todos porque "a indústria do caju é global, os seus preços também o são e a sua actualização é quase diária, sendo por isso fundamental que todos os operadores se guiem pelas mesmas regras".
Por outro lado, há cerca de três anos, a indústria moçambicana do caju enfrenta também a falta de liquidez para dinamizar a exportação da amêndoa, que para Gonçalo Correia não é a causa da crise do sector, mas uma consequência da crise, cuja superação deve contar com a intervenção do Estado.
Entretanto, o ministro moçambicano da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, já veio a público anunciar que o Governo criou um fundo de garantia para o sub-sector do caju, no valor de 1.5 milhão de dólares.