Os ecos da desistência de Joe Biden à corrida à reeleição presidencial de 5 de novembro também se refletem em Angola, com dirigentes partidários e analistas políticos a considerarem que o democrata deu um exemplo ao mundo de que na política não vale tudo.
As mesmas fontes apontam que este cenário, no entanto, não é expetável em vários países africanos.
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O deputado do MPLA, no poder, Mário Pinto de Andrade considera, no entanto, que a desistência de Biden veio tarde.
"Acho que Biden já decidiu tarde porque logo depois daquela falha de memória que ele apresentou no debate recente com Donald Trump, ele, eventualmente uma semana depois, já devia ter deixado o seu lugar à disposição mas ele resistiu, resistiu, até que chegou a Covid, agravou o seu estado e tomou a decisão certa desistir", aponta aquele político angolano, quem sublinha que "Biden tem um currículo invejável e faz um mandato apenas por desistência e não por ser derrotado".
Questionado se este gesto de Biden era possível em Angola e em África no geral, ele admite que "é um pouco mais difícil isso ocorrer porque os partidos africanos idolatram em demasia os seus líderes então fazem uma espécie de bloqueio ao líder para o bem e para o mal".
No entanto, ele conclui que "este gesto de Biden pode se refletir noutras geografias do mundo, que é melhor ter um pouco de saúde e cuidar nos últimos anos da sua vida tranquilamente do que não ter saúde e se aventurar em processos desgastantes e perder sem honra nem glória".
Quase na mesma linha de raciocínio, o deputado pela bancada da UNITA, o politólogo Olívio Kilumbo, entende que o gesto de Biden mostra
maturidade e ética em democracia quando se percebe algum impedimento para prosseguir o melhor a fazer é desistir.
Kilumbo pensa que "o gesto do Presidente Joe Biden só vem demonstrar a grandeza que os Estados Unidos já alcançaram em termos democráticos, o que já não ocorre em África e em Angola".
"O que se passa em África é que existem máquinas políticas partidárias que mantêm os líderes reféns mesmo que a saúde do seja instável, passou aqui em Angola quando o Presidente José Eduardo dos Santos tão logo deixou de ser presidente decaiu de tal maneira fisicamente que foi uma coisa impressionante", diz Kilumbo, para quem "isso se explica porque são as máquinas políticas que mantêm os líderes vivos tendo ou não saúde para o efeito."
O jornalista e analista político Ilídio Manuel pensa, que independente da desistência ou não de Biden, os republicanos de Trump apresentam-se
com vantagens para chegar à Casa Branca.
"As hipóteses de Joe Biden vencer as eleições já estavam praticamente comprometidas por força da idade avançada do candidato democrata e pelos sinais de alguma senilidade que Biden vem apresentando, como se não bastasse no debate recente que teve, ele foi quase ´varrido´, tudo indica que Donald Trump vai à frente", afirmou Manuel.
Quanto ao gesto de Biden, Manuel afirma não acreditar "que isso se verifique entre nós porque por cá não temos cultura de demissão" e deu como exemplo o recente episódio, do Presidente do Gabão que, mesmo com a saúde bastante debilitada, foise arrastando penosamente nos corredores da política".