Há pessoas ainda vivendo nas matas em Cabo Delgado, afirma a Comissão de Direitos Humanos 

Palma, Cabo Delgado, Mozambique

E falta alimentação nos centros de deslocados

A Comissão Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) diz acreditar que muitos cidadãos que fogem da violência armada em Cabo Delgado se encontrem ainda nas matas, vivendo em condições difíceis.

Aquela entidade realça que nos centros de acolhimento, os deslocados enfrentam a insuficiência de alimentos.

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Há pessoas ainda vivendo nas matas em Cabo Delgado, afirma a Comissão de Direitos Humanos

Luís Bitone, presidente da CNDH, esteve em Cabo Delgado para avaliar a forma como estão a ser observados os direitos fundamentais do Homem, num contexto de terrorismo, que já provocou cerca de 700 mil deslocados.

"Temos pessoas idosas e crianças em fuga, evidentemente que existem pessoas nas matas, sendo por isso que para nós, é importante que as forças de defesa e segurança penetrem nas matas para tentar resgatar essas pessoas para zonas seguras," disse Bitone.

Bitone deslocou-se àquela província, à frente de uma delegação que integrava representantes de diferentes instituições públicas, incluindo a Procuradoria da República, e visitou os centros de acolhimento e de reassentamento de deslocados, onde constatou que "há problemas de alimentação, que continua insuficiente".

O activista social Rui Santos, diz, por seu turno, que "não é possível manter este nível de assistência alimentar constante, porque é muita gente; é preciso também um grande projecto de agricultura".

Condições extremamente difíceis foram também constatadas por Borges Nhamirre, pesquisador do Centro de Integridade Pública, durante uma recente visita ao centro de reassentamento de Marocane, no distrito de Ancuabe, onde "não há nada para as pessoas viverem".

Perante o cenário, a Comissão Nacional dos Direitos Humanos alerta para a possibilidade da ocorrência de conflitos de terra, caso não seja observada a lei no processo de reassentamento dos deslocados de guerra.