Há crise de valores cristãos em Angola, dizem analistas

  • Agostinho Gayeta
Autor do livro “A crise do Cristianismo em Angola: à luz do personalismo de Emmanuel Mounier” diz ser “incompreensivel” essa crise face ao cescnete número de seitas religiosas

Há uma latente crise de valores morais e cristãos em Angola que se intensifica cada vez mais nos últimos tempos, apesar do exponencial aumento do número de confissões religiosas, disseram analistas angolanos que se mostram preocupados com o fenómeno religioso em Angola causado pela busca desesperada por bens materiais e pela situação de pobreza material e espiritual a que muitos estão votados.

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Crise de valores cristâo em Angola -20:12

Ligada ao capitalismo, hoje em Angola professa-se uma fé mais materialista marcada pelo negócio da fé, afirma o Filósofo Bonifácio António, para quem, o cristianismo está em crise de tal sorte que tem resultado em problemas sociais diversos entre os quais “a separação das famílias por causa das acusações de feitiçaria”.

Por outro lado, o autor do livro “”, apresentada no último sábado em Luanda, refere que a sociedade se tornou imediatista a tal ponto de acreditar em falsos milagres profetizados por supostos pastores.

«Há muitos elementos que podem nos levar a definir esta crise. Temos famílias divididas por causa da nova forma de cristianismo. Temos muitas crianças acusadas de feitiçaria. São muitos problemas sociais com motivação religiosa», disse..

Para o Missionário, Francisco da Costa, “há pessoas que não estão a levar a sério os valores cristãos”, um pouco por conta facilidade de criação de ceitas religiosas no país.

O “excessivo” número de igrejas que surgem do dia para noite e com doutrinas que põem em causa valores sagrados, morais, éticos e cristãos está a conduzir o cristianismo para uma crise.

«Abriram-se muitas igrejas com doutrinas à esquerda do que é a palavra de Deus, recorrendo aos métodos não bíblicos para evangelizar. Desta forma o cristianismo tornou-se banalizado em Angola”, disse

O fenómeno religioso em Angola deve ser tratado com todo cuidado por questões de segurança interna, afirma o Filósofo para quem a solução passa por se colocar “ordem” e alertar sobre o perigo que algumas confissões religiosas com ideologias e doutrinas “estranhas” trazem para a sociedade angolana.

«Precisa-se aqui de mais apelos para chamar atenção sobre o perigo que algumas confissões trazem no interior do cristianismo e na sociedade. Olho para isto com muita preocupação e precisamos resgatar a autenticidade cristão. O capitalismo influenciou bastante a unidade cristã, criando-se uma espécie de Deus-material, com uma espécie de exigência para milagres», afirmou

Para Bonifácio António é incompreensível que uma sociedade com perto de 80 porcento da população cristã, haja inúmeros problemas de valores morais, éticos e religiosos.

O Filósofo cita como exemplo de casos de imoralidade, o fenómeno da corrupção que já afectou as igrejas, estando muitos líderes envolvidos em escândalos do género. Outrossim, fala ainda do aumento do número de raparigas prostitutas, crimes de roubos qualificados, o recurso ao feiticismo entre outros assuntos abordados na sua obra literária.

«Há um paradoxo em Angola. Nós temos muitas igrejas e até seitas que se dizem chamar igrejas. Aqui questiona-se que tipos de valores ensinam no povo? Porque aumentou-se na sociedade os contravalores. Vivemos um momento de grande degradação dos valores éticos e morais. A delinquência, a prostituição invadiu as famílias, a corrupção tornou-se uma cultura numa sociedade com muitos cristãos. E não é só com os fieis, até líderes religiosos têm problemas com a justiça por causa do dinheiro», disse

O livro com o título “A crise do Cristianismo em Angola: à luz do personalismo de Emmanuel Mounier”, da autoria do Filósofo Bonifácio António analisa os vários problemas actuais da sociedade angolana ligados ao fenómeno religioso, bem como as medidas que devem ser tidas em conta para soluciona