Huíla: fome leva crianças a fugirem para as cidades

  • Teodoro Albano
Crianças afluem ao Lubango, Namibe, Benguela e Luanda e agências estudam plano para travar o fenómeno.

Várias crianças estão a abandonar as zonas rurais em algumas comunas do sul província da Huíla devido à fome em direcção às cidades numa luta pela sobrevivência.

Uma comissão multissectorial do Governo da Huíla está a proceder ao levantamento das principais zonas de origem para executar um plano de resposta para travar o fenómeno da migração de crianças.

Algumas comunas dos municípios dos Gambos, Chibia, Quipungo e Humpata são já apontadas como pontos de origem desse fenómeno.

O Instituto Nacional da Criança (INAC), na Huíla, diz estar preocupado com o fenómeno e refere ser urgente mitigar a situação através de um plano de intervenção coordenado e sustentável.

“Uma grande responsabilidade de mitigação do fenómeno é do Executivo, fundamentalmente naquilo que tange à protecção social das camadas mais vulneráveis para que elas consigam ter a estabilidade mínima em termos de sobrevivência”, afirma o director da INAC na Huíla, Abel Joaquim.

O soba Manuel Mbungungo, na comuna do Jau na Chibia, diz que apoios precisam-se para travar o fenómeno.

“Peço apoio ao nosso Governo para que as crianças encontradas sejam forçadas a voltarem às suas terras”, afirmou.

O INAC garante que já tentou reunificar 480 crianças junto das suas famílias, mas alerta que o sucesso depende das condições nas zonas de origem, daí a necessidade de um plano de intervenção sustentável.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância, que integra a comissão multissectorial enquanto parceiro doGoverno, mostra-se disponível a mobilizar recursos para apoiar o plano de resposta, segundo o representante do Unicef nas províncias da Huíla e Namibe, Paulo Mendes.

Namibe, Luanda eLubango são os principais destinos das crianças, onde vão trabalhar em fazendas agrícolas e nas ruas como vendedores ambulantes.