O Governo de Angola conseguiu algumas melhorias nos direitos humanos de 2021 com a entrada em vigor de um novo código penal, mas fez poucos progressos noutros aspectos, como na imprensa, onde milhões continuam sem acesso a uma imprensa livre e imparcial e "leis draconianas" continuam a ser aplicadas para perseguir jornalistas.
As conclusões são da organização não governamental com sede em Nova Iorque, Human Rights Watch (HRW), e estão no seu relatório de 2022, referente ao anterior, divulgado nesta quinta-feira, 13.
Veja Também Mais críticas à entrevista "selectiva" de João LourençoDo lado positivo, a organização de defesa dos direitos humanos fez notar a despenalização de conduta homosexual, a maior protecção dos direitos da criança, a criminalização da mutilação genital feminina e da intimidação sexual e a expansão das circunstâncias em que o aborto é legalmente autorizado.
Brutalidade policial
Contudo, o relatório diz que as forças de segurança continuam implicadas naquilo que chama de “abusos graves de direitos humanos, incluindo execuções sumárias, excessivo uso de força contra manifestantes pacíficos e detenções arbitrárias”.
Neste aspecto, a HRW salienta os acontecimentos de Janeiro do ano passado na vila de Cafunfo, na Lunda Norte, em que, segundo o relatório, as forças de segurança “abriram fogo indiscriminadamente sobre pessoas que se tinham reunido pacificamente para exigir melhores condições de vida”.
Veja Também Polícia reprime protesto de funcionários despedidos por posto de combustível da SonangolNeste aspecto, salienta-se o uso de força, incluindo armas de fogo para dispersar uma manifestação em Luanda em Novembro de 2020,o que foi repetido nas manifestações de Abril e Agosto de 2021.
Imprensa amordaçada
As autoridades, diz o documento, usam também o que chama de “leis de imprensa draconianas para limitar o trabalho de jornalistas”.
Como exemplo, a HRW aponta os casos dos jornalistas Coque Mukuta, correspondente da VOA em Luanda, e Escrivão José que foram acusados de difamação criminal.
A organização faz ainda notar seis outros casos de queixas-crimes de difamação, de acordo com relatório do Comité de Protecção de Jornalista, que tem sede também em Nova Iorque.
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A suspensão de três licenças de televisão resultou “na perda de centenas de postos de trabalho”, acentua o relatório.
Casos de abuso sexual de crianças continuaram também a aumentar, bem como a prostituição e a mendicidade infantile, escreve a HRW, que alerta para o aumento da fome, especialmente nas províncias do sul.
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O relatório nota, com ênfase, que centenas de milhares de crianças com menos de cinco anos estão a sofrer ou em risco de sofrer de malnutrição severa.