"É hora de sair da ambição para a acção", António Guterres

António Guterres Secretário-geral da ONU

A tradição, valores culturais e religião estão a ser "mal usados para restringir os direitos das mulheres, reforçar o sexismo"

Na mensagem por ocasião do Dia Internacional da Mulher, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, recorda que é preciso dar poder às mulheres, para que os seus direitos sejam protegidos e o seu potencial seja alcançado plenamente.

"Em tempos turbulentos", escreve António Guterres, "com o mundo mais imprevisível e caótico, os direitos das meninas e mulheres estão a ser reduzidos, restritos e revertidos", pelo que é necessário proteger os direitos das mulheres.

Guterres aponta o "mau uso" da tradição, de valores culturais e da religião para "restringir os direitos das mulheres, reforçar o sexismo e defender práticas misóginas" e consequentemente reduzir os direitos das mulheres, que "nunca foram iguais aos dos homens".

Na sua mensagem, em que apela a que ambição passe a acção, o Secretário-geral das Nações Unidas destaca igualmente que "os direitos que as mulheres têm sobre seus corpos estão a ser questionados e enfraquecidos. Frequentemente elas são alvo de intimidação e assédio no mundo virtual e na vida real. Nos piores casos, extremistas e terroristas constroem as suas ideologias baseadas na submissão de mulheres e meninas e as escolhem para violência sexual e baseada no género, casamento forçado e escravização virtual".

Gerar igualdade de oportunidades de trabalho, em posições de liderança e tomada de decisão é, para António Guterres, crucial para melhorar sociedades inteiras, sendo também um os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030, que a ser alcançado ajudará que os outros 17 ODS sejam da mesma forma atingidos.

"Estou comprometido em aumentar a participação das mulheres no nosso trabalho de paz e segurança. As mulheres como negociadoras podem aumentar as chances de paz sustentável e mulheres pacificadoras diminuem as hipóteses de abuso e exploração sexual", explica.

Guterres afirma ainda estar a estabelecer nas Nações Unidas um "roteiro claro para o alcance de paridade de género", para que a Organização "realmente represente as pessoas que serve", realçando que objectivos anteriores "não foram atingidos e agora precisamos sair da ambição para a acção".