Homenagem a estudante assassinado a 11 de Novembro de 2020 marca mais um aniversário da Independência de Angola

Inocêncio Alberto de Matos, manifestante assassinado em Luanda, Angola, 11 Novembro 2020

O estudante universitário Inocêncio de Matos foi assassinado com um tiro à queima-roupa por um agente da polícia numa manifestação contra o custo de vida a 11 de Novembro de 2020

Um grupo de associações de âmbito social em Angola realiza nesta sexta-feira, 11, uma homenagem ao estudante Inocêncio de Matos, assassinado com um tiro à queima-roupa de um agente da polícia a 11 de Novembro de 2020, para marcar o 47º aniversário da Independência Nacional, que se assinala nesta sexta-feira.

Matos participava naquela dia numa manifestação contra o aumento do custo de vida e pela realização de autarquias no país.

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Homenagem a estudante assassinado a 11 de Novembro de 2020 marca mais um aniversário da Independência de Angola - 2:40

Desde então, a investigação anunciada pelas autoridades não deu qualquer resultado e ninguém foi responsabilizado pela morte de Inocêncio de Matos.

O activista Hitler Samussuko, que integrou o conhecido grupo 15 mais duas detido em 2015, por alegada tentativa de golpe de Estado, considera que o assassinato de Matos é prova de que Angola não saiu de 1975.

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"A morte de Inocêncio em pleno dia da independência em 2020 representa a natureza do regime que temos em Angola, um sistema de ditadura autoritária, um Estado que não sabe lidar com a sociedade, usa todos os meios ao seu dispor, para manter-se no poder e para isso até matar cidadãos como aconteceu com Inocêncio de Matos, mostra um nível preocupante de violações de direitos humanos em Angola", acentua Samussuko.

Ele considera que as motivações para expulsar o colono português continuam actuais.

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"A independência nacional, tal como se idealizou, falhou, urge a necessidade de se repensar esta independência, veja que os problemas que levaram os heróis de então a lutarem são os mesmos que vivemos hoje e que levaram ao assassinato de Inocêncio de Matos", conclui.

Uma das promotoras da homenagem a Inocêncio de Matos amanhã, a activista Laura Macedo, diz que "o país não pode se resumir ao Presidente da República a fazer decretos para isto e aquilo e esbanjar bilhões, quando a zona onde ele vive, onde a maioria deles vive a indigência é total”.

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Para ele, “esta homenagem ao Inocêncio é também uma forma de dizermos que não estamos satisfeitos, não estamos a gostar do rumo das coisas, da miséria, da pobreza da indigência que este pais tem de norte a sul e do mar ao leste".

Laura Macedo entende que Inocêncio de Matos simboliza “os jovens que rejeitam uma nova colonização, desta vez entre irmãos da mesma pátria”.

A família de Inocêncio de Matos tem repetido estar à espera de justiça.

A VOA tentou ouvir a Procuradoria Geral da República sobre o andamento do processo, mas não houve qualquer resposta, bem como da Polícia Nacional.