Guterres critica controlo de fronteiras baseado em discriminação

António Guterres preocupado com fecho de fronteiras

Secretário-geral da ONU espera que medidas de Donald Trump sejam temporárias.

O secretário-geral das Nações Unidas criticou medidas de governos para controlar as suas fronteiras que tenham por base a discriminação de qualquer tipo.

António Guteres reconheceu o direito e “mesmo a obrigação de controlar as suas fronteiras para impedir a entrada de membros de organizações terroristas".

Entretanto, num comunicado lido pelo seu porta-voz, Stephane Dujarric, nesta terça-feira, 31, Guterres disse que esse controlo “não pode ter como base qualquer forma de discriminação em função da religião, origem étnica ou nacionalidade".

"Medidas cegas, não fundamentadas numa inteligência sólida, tendem a ser ineficazes pois correm o risco de serem ultrapassadas pelos actuais sofisticados movimentos terroristas globais", sublinhou o secretário-geral, lembrando que essa atitude "desencadeia uma ansiedade e uma raiva generalizadas que pode facilitar a propaganda das organizações terroristas”.

Na semana em que o Presidente americano assinou um decreto que suspende a entrada de imigrantes de sete países de maioria muçulmana e o programa de acolhimento de refugiados – enquanto os sírios estão impedidos de entrar no país por tempo indeterminado –, Guterres mostrou-se particularmente preocupado por decisões tomadas em todo o mundo que “minam a integridade do regime internacional de protecção de refugiados”.

O secretário-geral advertiu que os refugiados que fogem de conflitos e da perseguição encontram cada vez mais fronteiras fechadas, ao contrario de receber protecção, como define a lei internacional sobre refugiados.

Na segunda-feira, em Addis Abeba, António Guterres já tinha manifestado a sua esperança de que as medidas tomadas pelo Presidente americano sejam de caráter temporário e lembrou que os Estados Unidos têm uma longa tradição na protecção de refugiados.