Guiné-Bissau: Roubo de gado à mão armada é drama de criadores em Gabu

Governadora reconhece que combate ao roubo de gado é difícil por haver envolvimento até de polícias.

Os criadores de gado bovino na região de Gabú, no leste da Guiné-Bissau, dizem estar sob constante ataque de bandos armados que têm roubado os seus animais.

O presidente da Associação dos Criadores de Gado Bovino diz que os criadores têm medo de denunciar por falta de segurança, enquanto a governadora reconhece ser um problema dificil de enfrentar.

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"Os criadores de gado bovino não têm acesso à justiça, tanto assim que, a própria justiça não está do nosso lado para penalizar estes ladrões", afirma Aladje Tidjane Candé, para quem o roubo de gado bovino na Guiné-Bissau é um problema nacional associado a falta de justiça.

“A situação continua a ser preocupante na zona leste do país”, acrescentou Tidjane Candé, quem conta que 26 cabeças de gado bovino foram roubada recentemente na região de Gabú “e levadas para o vizinho Senegal”.

O presidente da Associação dos Criadores de Gado Bovino na Região de Gabú afirma que conhecem todos os seus bandidos, mas receiam denunciá-los junto às autoridades, por medo de represálias:

“Eles têm armas automáticas que, na situação normal, só deviam estar nas mãos dos militares. Nós, os criadores, mesmo identificando os autores, sentimos o receio de os denunciar porque podem nos invadir a noite, nós os conhecemos e as próprias autoridades os conhecem, mas não os prendem”, lamenta Candé.

Combate difícil porque há polícias envolvidos

Contactada pela Voz de América, a governadora da Região de Gabu reconheceu que não é fácil combater a prática de roubo de gado bovino na região.

“Não é uma prática que se possa combater rapidamente e com facilidade, tendo em conta a situação geográfica aqui da região, porque é uma zona que faz fronteira com outros países, há muita movimentação comercial e de gado”, disse Elisa Pinto Tavares.

A governante destaca, no entanto, o próprio envolvimento dos agentes policiais nessa prática.

Tavares admitiu ter de arranjar “estratégias que possam, não só responsabilizar e traduzir aos autores à justiça, como também de trabalhar com os próprios agentes policiais na sensibilização de combate a esta prática por que aqui na região todos nós sabemos das dificuldades a nível judicial”.

Entretanto, a governadora concluiu que “essas acções estão as ser acompanhadas com o envolvimento das comunidades, tendo resultado nas apreensões ou recuperação de gado roubado”.

Refira-se que os criadores de gado em Cacheu, no norte da Guiné-Bissau estão a enfrentar situação idêntica.