A capital da Guiné-Bissau está calma nesta sexta-feira, 28, dia em que a oposição convocou uma paralisação geral em protesto contra o que chama de "ditadura" e "tortura" do regime do Presidente da República.
A paralisação é uma forma de protestar contra o que os partidos da oposição consideram de vacatura na Chefia do Estado por considerarem que o mandato de Umaro Sissoco Embaló terminou no dia 27, quando completaram-se cinco anos do dia em que tomou posse.
Por seu lado, o Presidente e seus apoiantes dizem que o mandato dele termina a 4 de setembro, quando se completam cinco anos da confirmação da vitória pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Com este entendimento, Embaló marcou as eleições gerais, ou seja presidenciais e legislativas, para 30 de novembro.
Carta aberta à CEDEAO
Enquanto uma missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) está em Bissau, alegadamente para conseguir um entendimento sobre a data das eleições entre o Presidente e a oposição, um grupo de 36 organizações da sociedade civil de oito países da África Ocidental, nomeadamente da Guiné-Bissau, Senegal, Gambia, Gana, Guiné-Conakry, Costa do Marfim, Cabo Verde e Togo, escreveram uma carta aberta à organização sub-regional, a que a Voz da América teve acesso, na qual denunciam a “mão de ferro” com que Embaló tem dirigido o país, "recorrendo às forças de defesa e segurança para perpetrar violações graves dos direitos humanos, nomeadamente, detenções arbitrárias, raptos e espancamentos de jornalistas, vozes discordantes, ativistas cívicos e opositores políticos".
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Papel da CEDEAO na mediação da crise política na Guiné-Bissau
Na carta, aquelas organizações lamentam que a CEDEAO tinha decidido enviar uma missão a Bissau “para apoiar os esforços dos atores políticos e das partes interessadas no sentido de se alcançar um consenso político sobre o calendário eleitoral”, mas, "infelizmente, até a presente data, a CEDEAO não foi capaz cumprir a deliberação e demais outras na Guiné-Bissau".
Em consequência, "o povo guineense encontra-se refém de um regime violento, ditatorial, imprevisível e potencialmente perigoso para a estabilidade da subregião" e, por isso, os subscritores da carta pediram uma "intervenção mais enérgica e vigorosa da comunidade internacional sob pena de contribuir indiretamente para a instabilidade permanente e consequente consolidação da ditadura de Umaro Sissoco Embalo, com consequências sub-regionais”.
Liga Guineense dos Direitos Humanos propõe soluções
Na quarta-feira, 26, a Liga Guineense dos Direitos Humanos apresentou à missão da CEDEAO um caderno co m sete popostas para ultrapassar a cris política.
Bubacar Turé explicou à Voz da América as propostas apresentadas.
Ouça a entrevista:
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Bubacar Turé: Liga Guineense dos Direitos Humanos apresentou uma proposta de solução para a crise
No programa Washington Fora d´Horas, desta sexta-feira, 28, o coordenador da Frente Popular, Armando Lona, disse que a solução da crise passa pela saída do Presidente da República, porque há uma vacatura na Chefia do Estado que deve ser preenchida pelo presidente da Assembleia Nacional Popular, Domingos Simões Pereira, como diz a Constituição.
Ouça a entrevista de Armando Lona:
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Armando Lona: Umaro Sissoco Embaló não é Presidente da República
Presidente na Rússia e no Azerbaijão
A Voz da América tentou ouvir o gabiente da Presidência da República, mas sem suceso.
Depoisde realizar uma visita de Estado à Rússia na terça-feira e quarta-feira, Umaro Sissoco Embaló prestou ontem homenagens aos heróis nacionais do Azerbaijão, ao depositar uma coroa de flores no Monumento da Vitória.
Num post na sua página no Facebook, a Presidência diz que durante a visita àquele país, Embaló conheceu o centro de formação das forças especiais do país, assistiu a exercícios militares e discutiu oportunidades de cooperação na área da defesa.
O Presidente guineense também visitou o ASAN Center, uma referência internacional na digitalização de serviços públicos, e testemunhou a assinatura de um memorando de entendimento para apoiar a modernização dos serviços administrativos da Guiné-Bissau.