Guiné-Bissau: Missão da CEDEAO abandona o país após ameaças de Sissoco Embaló

  • AFP

Bandeira da CEDEAO

Os mediadores da Comunidade Económica da África Ocidental (CEDEAO) na Guiné-Bissau prepararam um projeto de acordo sobre a data das eleições e abandonaram o país após o Presidente Umaru Sissoco Embaló ter ameaçado expulsá-los, informaram em comunicado.

A missão da CEDEAO missão chegou a Bissau no domingo, 23 de fevereiro, para encontrar uma solução para as divergências entre o governo e a oposição sobre a data do fim do mandato do Presidente Sissoco Embaló.

“A missão preparou um projeto de acordo para um roteiro para a realização das eleições legislativas e presidenciais e começou a apresentá-lo às partes interessadas para obter o seu consentimento”, refere um comunicado de imprensa datado de sábado assinado pelo seu chefe, Bagudu Hirse, que não especifica o conteúdo do projeto.

Your browser doesn’t support HTML5

Papel da CEDEAO na mediação da crise política na Guiné-Bissau

A presidência guineense não pôde ser contactada no domingo, enquanto o Presidente Embalo, que se encontrou com os mediadores no início da sua missão, se encontrava no estrangeiro.

Os mediadores afirmaram ter-se encontrado com vários atores nacionais e internacionais envolvidos na gestão das eleições.

A missão vai “apresentar o seu relatório, incluindo a sua proposta de roteiro para eleições inclusivas e pacíficas em 2025, ao Presidente da Comissão da CEDEAO (Omar Alieu Touray)”, acrescenta o comunicado.

Veja Também Missão da CEDEAO em Bissau "esvaziada" por anúncio das eleições e críticas da oposição

Sissoco Embaló tinha declarado, a 23 de fevereiro, que as eleições presidenciais e legislativas se realizariam a 30 de novembro.

Segundo o Tribunal Supremo de Bissau, o mandato do mesmo termina a 4 de setembro. Este último manteve a mesma data, mas o líder da oposição, Domingos Simões Pereira, fixou o dia 27 de fevereiro como data final do seu mandato.

Veja Também 2025: Guiné-Bissau com ano difícil de muitas incógnitas

Embaló foi empossado para um mandato de cinco anos a 27 de fevereiro de 2020. A comunidade internacional aprovou a sua eleição, mas o resultado foi contestado pelo seu rival, Domingos Simões Pereira, que recorreu para o Supremo Tribunal,o qual após meses acabou por decidir a favor de Sissoco Embaló.

Veja Também Guiné-Bissau: Presidente dissolve parlamento

Pereira sempre se recusou a reconhecer a vitória do seu adversário, que considera fraudulenta. Em dezembro de 2023, o Presidente guineense dissolveu o parlamento, dominado pela oposição, três dias após confrontos armados que descreveu como uma tentativa de golpe de Estado.

Veja Também Presidente guineense confirma adiamento das legislativas de 24 de novembro

Em seguida, fixou o dia 24 de novembro de 2024 como data para a realização de eleições legislativas antecipadas, antes de as adiar indefinidamente por decreto presidencial, invocando dificuldades logísticas e financeiras.