Três dias depois da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) ter retirada a confiança política ao Presidente da República e pedido aos seus membros que integram o Governo de iniciativa presidencial que deixassem o Executivo, três ministros apresentaram nesta terça-feira, 18, os seus pedidos de demissão do primeiro-ministro.
O Presidente da República já reagiu dizendo ser uma "questão júnior, que não merece a análise na reunião do Conselho de Ministros" e que há "muita infantilidade política".
O ministro da Energia, Hideberto Infanda, o ministro da Juventude, Cultura e Desporto, Augusto Gomes, e o secretário de Estado da Juventude, Garcia Biifa, entregaram as suas cartas a Rui Duarte de Barros.
Na sua carta, a que a Voz da América teve acesso, Infanda alega a decisão do partido mas disse que as suas competências foram "fragmentadas" e que continuar "a pertencer a este Governo para algum tempo é submeter a minha pessoa ao estado de desânimo", segundo a carta de 15 de junho, dia em que o partido retirou a confiança a Umaro Sissoco Embaló.
Por seu lado, Augusto Gomes e Garcia Biifa, os responsáveis pela pasta de Juventude, Cultura e Desporto, apresentaram, ambos, "motivos políticos, em obediência às orientações superiores" do partido para justificar a saída do Governo.
Entretanto, o Presidente da República desvalorizou a demissão dos três membros do Governo.
“Isto é uma questão júnior, que não merece a análise na reunião do Conselho de Ministros e de um tempo a esta parte tem-se verificado muita infantilidade política [na Guiné-Bissau] e tudo tem limites. Estou cansado disso”, afirmou Umaro Sissoco Embaló à saída da reunião extraordinária do Conselho de Ministros.
Estas são as primeiras baixas do Executivo desde que foi dissolvido o Parlamento a 4 de dezembro de 2023.
Retirada de confiança
Como a Voz da América noticiou na segunda-feira, 17, numa declaração política emitida no sábado, 15, a APU-PDGB, partido liderado pelo antigo primeiro-ministro Nuno Gomes Nabiam “retirou” a “confiança política” a Umaro Sissoco Embaló, e em consequência ordenou a todos os seus militantes e dirigentes a demitirem-se das suas funções no atual Governo da iniciativa presidencial, em “obediência e respeito aos estatutos do partido”.
Através de uma declaração política, o partido invocou a “gravidade da situação” de aumento galopante da circulação da droga no país, envolvendo os agentes de Estado, aliado aos atos “criminosos cometidos pelas milícias palacianas do Presidente da República contra cidadãos indefesos nas manifestações e demais abusos de autoridades”.
O Partido que apoiou o atual Presidente da República nas eleições presidenciais de 2019 acusa Sissoco Embaló de “graves interferências” nos assuntos internos dos partidos políticos, nomeadamente no MADEM-G15, PRS, PAIGC e APU-PDGB, causando a “divisão, indisciplina, desordem e anarquia no seio desses partidos, através da corrupção e aliciamento político”.
O primeiro-ministro Rui Duarte de Barros ainda não se pronunciou.