Os desafios do futuro Presidente da Guiné-Bissau e como poderá promover a estabilidade e o desenvolvimento são temas actuais em debate no país que no dia 29 vai escolher o próximo Chefe de Estado.
A VOA, em dois momentos diferentes, colocou esses temas a dois profundos conhecedores da realidade política guineense: ao consultor de midia e analista Tony Tcheka e o consultor jurídico e analista Carlos Vamain.
Depois de cinco anos de grandes convulsões políticas, com váriios primeiros-ministros e governos, o país realizou eleições legislativas e espera-se que a paz e a estabilidade regressem para que a Guiné-Bissau comece a dar passos para o seu desenvolvimento, afirmaTony Tcheka, que, no entanto, aponta sinais de “que alguma coisa que pode vir a “perturbar o que se pensava ser um dado aquirido”.
Estabilizar o país
Com o desafio de estabilizar o país, aquele analista considera que “independentemente de quem ganhar” tudo vai depender se ele for capaz de conversar com o Governo, que saiu das legislativas e que segundo a opinião pública internacional está a trabalhar bem”.
O grande desafio será, para Tcheka, “garantir a unidade nacional”, o que depende em grande parte da capacidade do Presidente eleito de “retomar a coabitação nacional”, que tem a resposabilidade de levar em conta a grande diversidade da Guiné-Bissau, “com mais de uma trintena de etnias”.
Apesar das divergências políticas entre os dois candidatos, que são apoiados por forças que se encontram em polos politicos opostos, de acordo com os resultados das eleições de Março, Tony Tcheka lembra que “ao fim e ao cabo têm a mesma raiz, base que os apoia, que é o PAIGC”, e que representam sectores que se separaram depois do congresso de Cacheu, e que “deixou muitas dores e mágoas”.
O que importa, continua, “é que o vencedor consiga passar esses bloqueios, essas contradições que acabaram por afectar a governação”.
“O guineense, no geral, está cansado”, alerta Tcheka, lembrando que a pobreza é generalizada.
O próximo Presidente tem de projectar o desenvolvimento da Guiné-Bissau, concluiu Tcheka, que, no programa Agenda Africana, abordou vários outros temas.
Ouça aqui:
Your browser doesn’t support HTML5
Da mesma forma, o consultor jurídico e analista guineense Carlos Vamain é de opinião que o próximo Presidente tem de ter a “capacidade e competência de congregar todos os filhos da Guiné-Bissau, independentemente das suas convições políticas e religiosas para que de facto possamos encontrar um ponto de equilíbrio”.
Reforma do Estado
O país, para aquele analista, precisa “encontrar-se e estabilizar, mas não basta mudar e ter vontade, é preciso trabalhar no sentido de que o próximo Governo ou o Governo em funções faça refornas profundas, estruturais”.
Your browser doesn’t support HTML5
Vamain defende que o Presidente deve exercer a sua magistratura de influência no sentido da reestruturação do país, para que o Estado consiga chegar a todo o territónio nacional”, porque encontra-se apenas em Bissau, a capital.
Em entrevista concedida à VOA, aquele analista alerta para a necessidade de mudar o sistema eleitoral porque “não basta fazer eleições para se ser democrata, as eleições têm de contribuir para o desenvolvimento”.
Carlos Vamain remata que “a democracia tem que ser para o desenvolvimento e não para o inglês que as eleições foram limpas, juntas e transparentes”.
Esse desafio, para aquele consultor político, passa pelo “congregar das forças políticas no Parlamento porque nenhum partido tem a maioria para conduzir reformas”.
Ouça aqui:
Your browser doesn’t support HTML5