Guineenses saíram às ruas em todo o país para votar no novo Parlamento e num novo Governo que, como disse a enfermeira Ezaquiela da Cunha "nos tire dessa situação, em que não há valorização das pessoas".
Amadu Djaló, vendedor, afirmou ter exercido o seu direito de voto a favor de um país melhor, mas, como sempre, "os políticos é que vão determinar o rumo" da Guiné-Bissau.
Joana Kobdé, irmã do antigo Presidente da República Kumba Yalá, e única mulher líder de um partido concorrente às eleições legislativas deste domingo, 4, o MSD, destacou "ser a hora das mulheres tomarem as suas posições e não ficarem apenas atrás dos homens, porque são os homens que nos têm nesta situação".
Desde as sete horas da manhã, os eleitores começaram a votar com a célula de monitoria da sociedade civil a identificar atrasos mínimos na abertura das urnas e poucos problemas pontuais.
Falta de nomes nas listas
Dois votantes mostraram a sua insatisfação por não terem encontrado os seus nomes das respectivas assembleias de voto, o que os obrigou a andar à procura do lugar para votar.
"Sou cidadão guineense e tenho de votar, porque é meu direito", afirmou Marcelino Fonseca.
Uma eleitora que não quis se identificar estava a chorar por não encontrar seu nome da lista.
Entretanto, tanto o líder da coligação PAI Terra Ranka, Domingos Simões Pereira, como o chefe da missão da CEDEAO, o antigo Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, reconheceram ter havido situações pontuais que têm merecido a atenção das autoridades.
Por seu lado, a presidente do MSD disse à Voz da América existir uma urna na ambulância no Hospital da Pirada e, como é enfermeira, disse que ia "tratar dela porque só está no hospital quem é doente", em referência ao que chamou ser uma "ilegalidade".
Em resposta,o d elegado da Comissão Regional de Eleições do sector de Pirada, Juvinal Albino Mango, afirmou que "não existe nenhuma urna de voto no centro de saúde".
Líderes partidários votam
O Presidente da República e líderes de muitos partidos, como Fernando Dias, do PRS, Nuno Gomes Nabiam, da APU-PDGB, e Botché Condé, do PTG, votaram fora de Bissau.
"O meu desejo é que todos os cidadãos exerçam este momento de liberdade e que não se sintam condicionados por nada, que não seja por medo, que não seja por preguiça, que não seja, muito menos, por alguma restrição, ou condicionamento dessa sua liberdade", afirmou aos jornalistas o líder da coligação PAI Terra Ranka, que votou no bairro Luanda, na capital.
Domingos Simões Pereira, que estava acompanhado da esposa Paula Pereira, acrescentou que votar é "um acto de liberdade que abre portas a outras liberdades" e destacou a vontade do povo em mudar a situação actual.
Ele disse acreditar na vitória porque andou por todo o país e a mesagem que ouviu foi uma: "os guineenses querem virar a página e olhar para o futuro com confiança".
Questionado pela VOA se, em caso de vitória, ele será o candidato a primeiro-ministro, Simões Pereira respondeu que "cabe à coligação decidir, e que tem uma estrutura para tal".
O segundo líder partidário a votar em Bissau foi Braima Camará, do MADEM G-15, que o fez na sede da UDIB, também acompanhado da esposa.
Ele celebrou o dia como sendo de "liberdade, democracia e paz", na conversa com os jornalistas, na qual fez um apelo a "que todos os guineenses votem em massa para que não possa haver quaisquer dúvidas para quem quer que seja".
"Esta é vez da Guiné-Bissau, está é a hora da Guiné-Bissau, como diz o nosso slogan", sublinhou Camará que disse ter a certeza da vitória.
Observadores da CEDEAO gostam do processo
Jorge Carlos Fonseca, chefe da missão de observadores da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO), visitou a célula de monitoria da sociedade civil, que acompanha as eleições ao minuto, e disse estar "muito satisfeito com o processo que tem sido exemplar".
O antigo Presidente cabo-verdiano destacou a forma ordeira como as pessoas foram "cedo às urnas, como esperavam tranquilamente e como todo o sistema funciona".
Fonseca reconheceu haver algumas "queixas, de pouco monta, que até acontecem em países desenvolvidos e que se referem à falta de nome nas listas, ausência ddo pessoal segurança, "mas, até agora, sem qualquer influência no processo".
As urnas encerram-se às 17 horas locais e os resultados provisórios devem ser anunciados pela Comissão Nacional de Eleições até quarta-feira, 7, mas fontes od órgão disseram à Voz da América, que poderão ser connhecidos amanhã ou terça-feira.