Os dois principais partidos da Guiné-Bissau repudiaram o ataque à sede histórica do Partido da Renovação Social (PRS), fundado pelo antigo Presidente Kumba Iala, na segunda-feira, 3, pela Polícia de Segurança Pública da Guiné-Bissau, que tentou impedir uma reunião da Comissão Política daquele partido e responsabilizaram o Governo de iniciativa presidencial pela ação.
Em comunicado, a vencedora das eleições legislativas de 4 de junho de 2023, a Coligação Plataforma Aliança Inclusiva (PAI-Terra Ranka) considerou a intervenção da polícia de “abusiva e brutal” contra militantes que acabavam de cumprir um dever estatutário.
“Repudiar, mais uma vil ingerência do regime de Umaro Sissoco Embaló nos assuntos internos de um partido, que se rege pelos seus estatutos e regulamentos internos na convocação dos órgãos, neste caso a Comissão Política Nacional”, diz o comunicado que manifesta a sua solidariedade para com a atual direcção do PRS “reconhecida", através dos órgãos estatutários.
O segundo partido mais votado, o Movimento para Alternância Democrática(Madem G-15), também responsabiliza o Governo de iniciativa presidencial, mais concretamente o primeiro-ministro e o ministro do Interior e da Ordem Pública, por essas “recorrentes e irresponsáveis violações”.
O partido, que tem Umaro Sissoco Embaló como um dos fundadores e que sempre apoiou o Presidente da República, insta agora o Chefe de Estado a “assumir a sua responsabilidade, pelo facto de o presente Governo ser da sua exclusiva iniciativa”.
A nota pede também à polícia que retire o cerco à sede do PRS.
Nas últimas semanas, um autodenominado grupo de “Inconformados”, que defende um congresso extraordinário para eleger uma nova direção do PRS, liderado pelo atual ministro das Finanças, Ilídio Té, pediu ao Supremo Tribunal de Justiça a criação de uma Comissão Transitória até a realização da reunião magna do partido, encabeçaada por Ibraima Sory Djalo, um dos fundadores do partido.
PRS retira confinaça a dirigentes dos "Inconformados"
Para evitar a reunião de ontem, a polícia invadiu a sede do partido, mas na mesma ela se realizou e a Comissão Política retirou a confiança política aos 16 dirigentes daquela formação política que constituem o grupo dos "Inconformados".
O presidente Fernando Dias acusou diretamente o deputado Ilídio Vieira Té, de ser o interessado em destruir o partido por orientação do Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, a quem responsabilizou pela invasão à sede e ao chefe de Estado maior das Forças Armadas.
Recorde-se que há um ano, a 4 de junho, os guineenses foram às urnas e elegeram a coligação PAI Terra Ranka para governar o país, mas quatro meses depois, ao contrário do que determina a Constituição, o Presidente da República dissolveu o Parlamento e formou um Governo de iniciativa presidencial.