O antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam, afirmou que a comunidade internacional conhece muito bem as pessoas que vendem drogas no país e lamentou que não esteja a condenar as que de fato estão envolvidas no narcotráfico.
O também presidente da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), citado pelo jornal O Democrata, acrescentou que a comunidade internacional estragou o nome dos militares dizendo que eles traficam drogas quando ela sabe quem o faz.
“É muita pena, porque não estão a reagir para sancionar os traficantes de droga”, sublinhou Gomes Nabiam ao falar na quinta-feira, 28, num hotel de Bissau, na cerimónia de assinatura do acordo político para a criação do Fórum para a Salvação da Democracia (FSD), que integra o Movimento para a Alternância Democrática (MADEM G-15) e a Aliança “Kumba Lanta”, constituída pelo Partido da Renovação Social e a Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (PRS e APU-PDGB).
“Em Bissorã, fiz a denúncia da existência de muita droga no país e as pessoas disseram que iriam levar-me ao tribunal. Fiquei à espera para me levarem ao tribunal para provar a minha denúncia, porque sou um cidadão normal como qualquer outro. Quem não sabe que uma visão desembarcou droga aqui e que a Polícia Judiciária abriu um inquérito sobre este acontecimento? Onde foi parar aquela droga…? Levantaram-se aqui e deram uma semana às autoridades para descobrir a existência ou não de drogas no país”, afirmou o antigo primeiro-ministro e ex-conselheiro do Presidente da República.
Nunca Gomes Nabiam esclareceu não ter acusado “o Ministério do Interior ou a Presidência da República de vender drogas”, mas, acrescentou, “as pessoas devem lembrar que fui primeiro-ministro durante três anos e seis meses”.
Ele reiterou ainda que “a comunidade internacional conhece muito bem as pessoas que fazem negócios do tráfico de drogas na Guiné-Bissau”.
“Quando se trata da Guiné-Bissau temos que estar dispostos a estar na frente e mesmo se for para morrermos. No Senegal morreram mais de 30 pessoas, mas conseguiram a liberdade. Temos que erguer os pés neste país para fazer funcionar a democracia, porque não devemos permitir que nos enganem ou intimidem-nos com as forças militarizadas, não…”, exortou os presentes no ato que marcou a criação do Fórum para a Salvação da Democracia, que não se sabe se poderá ou não evoluir para uma coligação eleitoral para as legislativas antecipadas cuja data ainda se desconhece.