O escritório das Nações Unidas na Guiné-Bissau organiza hoje, 27, e amanhã. 28, uma conferência nacional sobre estabilidade, que se apresenta como uma contribuição da organização na procura de premissas que possam garantir a paz e estabilidade no país.
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As consequências da instabilidade na Guiné-Bissau são evidentes: uma série de crises, que perdura desde 1998, com o eclodir da revolta militar que depôs o então presidente Nino Vieira, e que transformou a Guiné-Bissau num dos Estados mais vulneráveis de África.
Os guineenses têm vivido um consecutivo ciclo de violência política, instabilidade e má-governação.
Os factores são diversos, aliás, as contradições na Guiné-Bissau, não permitiram, ao longo do tempo, a estabilização política, social e económica, através das intervenções ou esforços internos e tornaram imperioso o acompanhamento permanente da comunidade internacional.
Muita luta política, carregada de radicalismos de posições, impulsionou vários assassinatos, golpes e casos de conspiração.
De frisar que estes factores alimentaram a fragilidade no exercício do poder do Estado, e de forma directa, promoveram o crime organizado, nomeadamente o narcotráfico, envolvendo agentes da administração pública.
Observadores dizem que a Guiné-Bissau tem sido vítima de inversão de valores, traições, intrigas e inveja.
Saturnino de Oliveira, investigador pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP), disse que "existe uma infinidade de factores que levam à instabilidade política na Guiné-Bissau, mas nunca podem ser desassociados da falta do diálogo e da intolerância, ou seja, destacamos as questões pessoas e nosso ego".
Enquanto isso, António Pedro da Goia, guineense associado a defesa de paz e estabilidade, que defende a gestão do país por parte das Nações Unidas, faz uma ligação directa do processo de luta armada pela independência dà actual instabilidade crônica na Guiné-Bissau.
No entender daquele activista, a Guiné-Bissau está agora refém de uma eternização do conflito, alimentada por vícios insanáveis.
“Em termos de gestão de conflito, quando um pais tem mais de duas décadas de conflitos, começa a ser associado a eternização de conflito e isso cria vícios insanáveis”, explica.
Por isso, Goia, advoga uma intervenção musculada das Nações Unidas para inverter o quadro actual.
Para ele, a ONU não "pode estar aqui como um espectador na bancada a ver futebol, não, uma responsabilidade partilhada, pois a Guiné-Bissau não está em condições de sair nesta situação, neste espiral de violência, por isso estão cá”.
O encontro organizado pelas Nações Unidas vai marcar os últimos dias da missão de Miguel Trovoada a frente de Uniogbis.