A Guiné-Bissau assinalou neste sábado, 24, os 43 anos da independência nacional, numa cerimónia presidida pelo Chefe de Estado, mas sem a presença dos presidentes do Parlamento e do PAIGC, partido da independência e o mais votado nas eleições de 2014.
Na presença de milhares de guineenses, em Bissau, José Mário Vaz defendeu a formação de um Governo de unidade nacional e, para tal, apelou a todos os signatarios do acordo a serem capazes de honrar a sua palavra”.
Apesar de dizer que a implementação do mesmo não será o remédio santo para curar todos os males da Guiné-Bissau, Vaz chamou-a de uma “plataforma de concenso para apaziguar as tensões politicas no intuito de restaurar a estabilidade governativa até o fim da presente legislatura”
“Cabe a cada um de nós responder a esta questão esssencial, sobretudo quando estão em causa os nossos próprios interesses”, sublinhou o Presidente, perguntando: “O que fazemos no dia-a-dia enquanto sociedade para combater males como a impunidade, a corrupção ou o favoritismo, a indisciplina, a intriga, a inveja, ociocidade e outros vicios contrários ao interesse nacional e a inspiração de instabilidade e bem-estar de todo um povo?”
Na sua intervenção, José Mário Vaz fez um balanço dos dois anos do seu mandato, durante o qual, destacou, não houve assassinatos políticos, e classificou a crise actual de politico-institucional, que deve encontrar resposta junto dos tribunais.
Na cerimónia estiveram presidentes o presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Paulo Sanhã, o presidente do Tribunal de Contas, Dionísio Cassamá, o primeiro-ministro Baciro Djá, membros do Executivo, chefias militares e representantes do corpo diplomático acreditado em Bissau.
Os grandes ausentes e que reflectem a divisão do país 43 anos depois da proclamação da Independência Nacional, a 24 de Setembro de 1973, nas matas de Gabu, foram o presidente do PAIGC Domingos Simões Pereira e o presidente do Parlamento, também pertencente ao partido da independência, Cipriano Cassamá.
Acordo e novo Governo
A Guiné-Bissau passou por diversas crises, mas, como se diz nas ruas, "a luta continua".
Depois de mais um golpe militar em 2012, que levou o país a mais uma etapa de violência e desgoverno, o país realizou eleições gerais em Abril de 2014, mas um ano e três meses depois uma crise no seio do partido no poder, o PAIGC, em particular entre o Presidente da República, José Mário Vaz, e o então primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, abriu uma nova crise política.
Pereira viria a ser demitido em Agosto de 2015 por Vaz, abrindo caminho à nomeação de três primeiros-ministros e a formação do Governo actual, liderado por Baciro Djá, deputado pelo PAIGC e expulso do Parlamento com mais 14 colegas, e com o apoio do PRS, segundo partido mais votado.
Há duas semanas, as partes envolvidas assinaram um acordo de entendimento, com a mediação da CEDEAO, mas não há novos desenvolvimentos.
O documento prevê a constituição de um Governo inclusivo para assegurar, nos próximos dois anos, a reforma da Constituição, a lei eleitoral e a modernização dos sectores da defesa e segurança, justiça e administração publica.