Dois anos depois das eleições, guineenses não escondem desapontamento

Guiné-Bissau

Na Guiné-Bissau, assinala-se amanhã, 14, o segundo ano após as eleições gerais que anteviam uma fase promissora de estabilidade e desenvolvimento.

Entretanto, ao contrário, o país atravessa agora uma das fases mais críticas da sua história democrática, derivado do conflito político e institucional entre o Presidente José Mário Vaz e o PAIGC, liderado por Domingos Simões Pereira.

Your browser doesn’t support HTML5

Dois anos depois das eleições, guineenses não escondem desapontamento

Muitos que votaram no dia 14 de Abril, pondo fim ao período de transição, manifestam-se agora revoltados com facto das suas esperanças ficarem adiadas com a actual situação do país.

Maimuna Bari, em 2014, estudante universitária, com 25 anos, foi votar com a esperança de poder ver um país a evoluir a todos os níveis.

Passados dois anos, Bari diz-se sentir traída e não esconde a sua revolta face ao momento que se vive: ”não era isso que estava à espera. Eu votei, porque tinha a convicção de que tudo ia dar certo e que o país ia dar passos positivos para que a sua população pudesse ter algo de bom, e sair da crise política e económica que enfrentava”.

Esta jovem, formada em Comunicação Organização e Jornalismo, a procura de estabilizar-se no mercado de trabalho, disse que nunca aceitou o argumento em como os militares são os principais responsáveis pelas constantes instabilidades vitimou o país há cerca de 20 anos.

"Dá para notar que esta crise é provocada pelos políticos, os militares estão a dar um bom exemplo, ao mostrar à população e à comunidade internacional, que eles não são os principais protagonistas da actual crise”, concluiu Maimuna Bari.

As lamentações não ficaram por aqui.

Sem saber o que mais fazer perante o actual memento, Malamine Camara confessa que não esperava experimentar fases difíceis da suja vida tão cedo.

"pensávamos que as coisas iam mudar, mas o que estamos a viver não passa de caos. Voltamos atrás. Ninguém sabe onde vamos e nem sabemos o que fazer e o que podemos fazer”, diz Camara.

Mas há quem aponte uma solução.

Djibril Sanha, um dos jovens que votaram em 2014, além de responsabilizar a classe política pela situação, sobretudo ao Presidente José Mario Vaz, considera que a saída passa pela mudança de atitudes de governação: “os governantes têm que mudar o espirito de governação, enquanto isso não acontecer o pais não pode avançar”.

O país assinala amanhã, 14, o segundo ano das eleições de 2014, mas encontra-se numa profunda crise político-institucional desde Agosto, quando o Presidente da República José Mário Vaz demitiu o Governo do PAIGC, então liderado por Domingos Simões Pereira.

O novo Governo, também do PAICG, mas liderado por Carlos Correia, continua à espera de ver aprovado o seu Programa, chumbado pelo Parlamento a 23 de Dezembro de 2015.

A Assembleia Nacional Popular retoma os trabalhos a 3 de Maio.