Antigos guerrilheiros da FLEC desesperam-se pela falta de cumprimento das promessas feitas pelo Governo

Guerrilheiros da FLEC (Foto de Arquivo)

General Bento Bembe, líder do Fórum Cabindês para o Díalogo, culpa o antigo chefe da Inteligência Militar, general José Maria por esta situação

Mais de 200 ex-militares da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), que se entregaram ao Governo angolano, no quadro do Memorando de Entendimento, assinado em 2006, dizem-se abandonados pelo Executivo a quem acusam de não ter cumprido a promessa de apoio financeiro e de integração nas forças armadas e na polícia

A viver em tendas num acampamento militar na região do Yabi, em Cabinda, desde 2007, o grupo de ex-militares diz que nem mesmo uma orientação do Presidente João Lourenço, que determinava a conclusão urgente do processo de integração, foi cumprida.

O major Fernando Muanda, que chefia uma comissão de negociação com o Governo, disse, à VOA, que na sequência de várias reclamações não atendidas pelos sucessivos governadores, um recente protesto realizado em Cabinda, resultou na detenção, por algumas horas, de cinco dos integrantes do grupo.

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“Temos 3.050 crianças ou adolescentes fora do ensino desde 2007. Há pessoas a morrer por pressão arterial e a forma como o Governo nos trata desencoraja qualquer militar da FLec que tencione se entregar ao governo”, concluiu.

O general Bento Bembe, líder do Fórum Cabindês para o Díalogo (FCD), admitiu que este grupo de ex-militares esteve fora do seu controlo e culpa o antigo chefe da Inteligência Militar, na reforma, general José Maria de, alegadamente, ter dividido os ex-guerrilheiros por vários acampamentos, “fabricaram uma integração própria deles e proibiram este último de ter contactos Fórum Cabindês para o Diálogo”.

O principal negociador do Memorando de Entendimento assinado em 2006 na província do Namibe com o Governo garante, entretanto, que a sua organização tudo está a fazer para resolver o problema “em outros fóruns”.

“São questões que vamos esclarecer no momento próprio. São vicissitudes que se criaram no processo”, afirmou Bento Bembe.