O antigo porta-voz do partido Frelimo, Caifadine Manasse, foi hoje ouvido pela Procuradoria Geral da República, naquela que foi a primeira audição em torno de um processo crime que move contra antigos camaradas.
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O processo, que iniciou contra 23 deputados que junto com o queixoso pertencem ao círculo eleitoral da Zambézia, começou há três meses e tem como causa, uma guerra que ganhou visibilidade depois de informações replicadas no parlamento, pela oposição, dando conta da existência de um parlamentar da bancada da Frelimo, que liderava um cartel de droga que opera a partir da Zambézia.
A acusação criou agitação entre os camaradas da Zambézia, que sob alegada liderança dos 23, acusam Manasse de ter sido a fonte primária do que se considera de calúnia.
Depois de 10 horas de audição por um Procurador-Geral adjunto, Manasse reiterou à imprensa as motivações do processo.
Veja Também Investigação parlamentar sobre deputado suspeito de traficar drogas gera desconfiança"Eu vim a PGR em busca da justiça. A minha luta é pela reposição do meu bom nome e imagem, manchadas pelas calúnias" disse Manasse.
O antigo porta-voz disse que o conflito que tem com os seus camaradas não visa o partido Frelimo e acredita que não terá qualquer impacto no processo eleitoral.
"O meu processo é contra pessoas singulares. A Frelimo tem quatro milhões de membros e é do interesse de todos saber a verdade do que aconteceu neste caso", realçou.
Caso inédito
Na audição desta terça-feira, a defesa de Manasse, liderada pelo advogado e activista de direitos humanos, Custódio Duma, entregou uma outra lista de alegados implicados, aumentando a lista dos acusados.
"Parte dos integrantes da lista são deputados, mas há outros que não são" disse Duma, escusando-se de dar detalhes.
Ainda não houve qualquer pronunciamento do grupo dos acusados, assim como a direcção do partido, também continua em silêncio sobre o caso.
O analista político Albino Forquilha, diz que o caso merece uma atenção pública, sobretudo por ser inédito na Frelimo.
Veja Também Moçambique: Guerras internas dividem a Frelimo no segundo maior circulo eleitoral do pais"A Frelimo nos habituou a gerir em copas os seus problemas internos e este é um caso inédito até pela dimensão dos actores envolvidos" analisou Forquilha.
Para o analista, a bem do interesse público, a Justiça deve dar a este caso, toda a atenção que merece.
"Tendo em conta o motivo por trás das divergências, a Justiça deve dar toda a atenção, porque dele podem até sair elementos que tragam mais informações bastante relevantes para o interesse público e do Estado", concluiu.