Grupos de defesa dos direitos humanos abandonam julgamento de Simone Gbagbo

Simone Gbagbo à chegada ao tribunal

Dizem que processo contra antiga primeira-dama da Costa do Marfim não é sério.

A antiga primeira dama da Costa do Marfim Simone Gbagbo continua em julgamento por crimes contra a humanidade.

A esposa do ex-presidente Laurent Gbagbo, já condenada a uma pena de prisão de 20 anos pelo seu papel na violência pós-eleitoral em 2010, que deixou mais de 3.000 mortos, agora é acusada de envolvimento em violações de direitos humanos contra apoiantes do adversário político do seu esposo, Alassane Ouattara.

Entretanto, três grupos da defesa dos direitos humanos, que representam pelo menos 250 vítimas de Gbagbo, disseram que não vão participar no julgamento da antiga “Dama de Ferro”, por duvidar da credibilidade do processo.

“Os nossos advogados não têm acesso ao processo, como que podem defender o caso?”, questionou Pierre Kouame Adjoumani, presidente da Liga dos Direitos Humanos da Costa do Marfim.

Adjoumani afirmou ainda que o julgamento não tem “relevância” e acrescentou que Simone Gbagbo “é acusada de crimes contra a humanidade, um caso que devia ser julgdo através de um grupo organizado”.

O julgamento acontece dias depois de o Tribunal Supremo rejeitar o apelo final contra a sentença de 20 anos de prisão.

A Costa do Marfim esteve, ao longo de vários meses, mergulhada em banho de sangue, depois de Laurent Gbagbo e seus apoiantes não aceitarem a vitória eleitoral de Ouattara, em 2010.

A situação voltou à normalidade após uma intervenção militar das Nações Unidas, comandada pela França, ex-potência colonial do país.

Gbagbo foi detido em Abril de 2011 e está a responder por crimes contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional.

O TPI também quer que Simone Gbagbo seja processada e emitiu um mandato de captura contra a antiga primeira-dama, mas as autoridades costa-marfinenses disseram que ela não teria um justo julgamento fora do país.