O grupo, que usa vestes árabes e encapuzado e que atacou e ocupou a vila de Mocímboa da Praia, na província moçambicana de Cabo Delgado, desde a madrugada de quinta-feira, 5, tem por base o fundamentalismo islâmico e se insurgiu contra a polícia com ataques em nome de Allah, disseram à VOA nesta sexta-feira, 6, várias fontes bem colocadas, residentes e jornalistas no local.
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Constituído na maioria por jovens moçambicanos, localmente conhecidos por “alisunas” e que se expressam em português, árabe e quimuâni a língua local, o grupo radicalizou-se há três anos, a maioria deles fora do país, após supostamente aprender o fundamentalismo islâmico no estrangeiro.
Um atacante, capturado pela Polícia da República de Moçambique (PRM), evocava em árabe que “Allah é grande”, sustentando que a sua participação na insurgência vai garantir um “destino maior” após a morte.
Os atacantes, que a imprensa moçambicana atribui serem uma ramificação dos radicais islâmicos da Al-Shabab, embora a polícia não assuma a ligação do grupo aos extremistas, receberam três francos atiradores, de origens somali e queniana, que comandam as operações, confidenciou uma outra fonte que pediu o anonimato.
O grupo têm como principal alvo a polícia.
Hoje, em Mocímboa da Praia as instituições publicas continuam encerradas e as ruas desertas devidos aos confrontos.
A vila está dividida ao meio, sendo uma parte controlada pela Polícia e a outra pelos atacantes, que continuaram a atirar contra esquadras da Polícia.
A PRM indicou hoje em Maputo que 14 atacantes foram até agora mortos, na perseguição aos esconderijos do grupo, mapeados em residências a noroeste da vila.
Situação difícil
Pelo menos 12 feridos deram entrada no hospital rural de Mocímboa da Praia.
“Nós já tínhamos alertado sobre a existência deste grupo fundamentalista islâmico em Mocimboa da Praia porque eram pessoas respeitadas, mas ao mesmo tempo incitavam a desobediência à Constituição”, disse Assilamo Ruben, um morador local.
O jornalista, no local, Jonas Wazir descreveu ainda um ambiente tenso na vila, afiançando que estão sitiados à espera de uma escolta militar para deixar o local.
“Os homens capturados negam ligações com o Al-Shabab, mas dizem em árabe, que se insurgem em nome de Allah. Mas a sua actuação e o armamento que possuem levam a concluir haver fortes indícios de pertencer os radicais islamicos da Al-Shababa”, disse Wazir, apoiando-se no facto de recentemente terem sido presos pela Polícia três membros do Al-Shabab por envolvimento em terrorismo.