Um grupo militar privado contratado por Moçambique nega acusações de ter dado preferência a brancos no resgate de pessoas retidas num hotel, em Palma, após o ataque de extremistas islâmicos, a 24 de Março, escreve a AP.
A Amnistia Internacional acusa o Dyck Advisory Group de dar preferência aos brancos em vez dos negros ao evacuar as pessoas do Hotel Amarula.
"Testemunhas nos falaram de discriminação racial, nas decisões sobre quem evacuar do Hotel Amarula", disse Deprose Muchena, director regional da Amnistia Internacional para a África Oriental e Austral.
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“Essas são alegações alarmantes de que o plano de resgate foi racialmente segregado, com contratados brancos obviamente recebendo tratamento preferencial. A total falta de coordenação entre as forças de segurança de Moçambique e o grupo Dyck resultou em evacuações que foram racistas e devem ser investigadas exaustivamente,” disse.
O Dyck Advisory Group disse na sexta-feira que os seus helicópteros resgataram 24 pessoas do hotel, seis das quais eram brancas e 18 eram negras.
"A equipa DAG não escolheu quem seria ou não evacuado. Eles protegeram o local de pouso e transportaram as pessoas que foram enviadas a eles para evacuação pelo gerente do hotel. Isso foi feito em grupos de seis, e em nenhum momento os nossos funcionários entram em acomodações enquanto realizam as evacuações ", lê-se num comunicado da empresa.
“A maioria das pessoas que resgatamos ao longo dos 10 dias de operações, em Palma, eram cidadãos moçambicanos. De facto, das 240 pessoas que conseguimos colocar em segurança na península de Afungi apenas 12 eram brancas, incluindo os corpos que recuperamos para que pudessem ser devolvidos às suas famílias ", disse o comunicado.
Veja Também Governo deve investigar “urgentemente” os crimes de guerra em Cabo Delgado, Amnistia Internacional"Estamos comprometidos com as nossas obrigações de direitos humanos, conforme as políticas da nossa empresa e estamos incrivelmente orgulhosos da nossa equipa e dos esforços que fizeram durante este ataque para apoiar e salvar tantos civis presos no meio do conflitos, o que foi feito com grande risco ", acrescenta o documento.
Num relatório no início deste ano, a Amnistia Internacional alegou que centenas de civis em Cabo Delgado foram mortos pelos rebeldes extremistas, pelas forças de segurança do Governo e pelo Dyck. A Amnistia pediu uma investigação urgente sobre essas mortes, dizendo que podem ser considerados crimes de guerra.
O grupo Dyck disse que está a preparar um relatório para contrariar as acusações da Amnistia de ter cometido abusos dos direitos humanos contra civis moçambicanos quando contratados pelo governo moçambicano.