Grevistas do Porto do Lobito questionam receitas do aumento da navegação

Porto do Lobito

Trabalhadores não recebem há quatro meses, mas faltam em aumento da produção

À beira do quarto mês sem salários, trabalhadores do Porto do Lobito, na província de Benguela, cumprem nesta terça-feira, 10, o segundo dia de greve dispostos a pressionar o Conselho de Administração da empresa a prestar esclarecimentos sobre o paradeiro de receitas provenientes do aumento da navegação.

Na hora das críticas e do silêncio da entidade empregadora, extensivas ao Ministério dos Transportes, estivadores, técnicos de oficinas e operadores dizem que já não dá para encarar a vida com o mínimo de dignidade.

Nem mesmo com recurso a empréstimos bancários para pagar ordenados, apesar do mencionado aumento do movimento de navios, o Conselho de Administração consegue dar resposta a um problema que se arrasta desde o ano passado.

“O que é que vamos comer?’’, questiona um estivador, o mesmo que afirma que ‘’as crianças estão a ser expulsas dos colégios e os trabalhadores já não pagam a luz e a água.

“Quando se reclama, os dirigentes dizem que somos da UNITA ou da CASA-CE, mas não podemos estar conformados ao vermos dirigentes em grandes carros e nós sem salários’’, reclamam os portuários.

Saiu do Porto do Lobito há mais de 25 anos, integrando um grupo de dois mil trabalhadores expulso devido a questões políticas, mas foi contactado por antigos colegas que lamentam a situação de hoje.

Com o Conselho de Administração em silêncio, o vice-governador para a área Económica, Gika Morais, espera que Luanda resolva o problema, ao passo que o novo administrador do Lobito, Nelson da Conceição, admite que chega num momento complicado.

“O volume de operações reduziu, por isso as receitas não cobrem as necessidades. Esperamos que o ministério de tutela (Transportes) e o Conselho de Administração resolvam esta situação’’, diz Moraisenquanto Nelson da Conceição, administrador do município do Lobito, admite que ‘’o momento é complicado, deve ser solucionado, mas acontece em muitas partes do mundo’’.

O Porto do Lobito conta com mais de dois mil funcionários, que entram para o quarto mês sem salários dentro de cinco dias.