O Governo da Venezuela e a oposição anunciaram nesta segunda-feira, 24, de forma surpreendente a realização de negociações para tentar chegar a um acordo sobre o impasse político actual, que se agravou desde a suspensão de um referendo contra o impopular presidente Nicolás Maduro.
Os dois lados vão se encontrar na ilha de Margarita no domingo, 30, sob mediação do Vaticano, da Unasul e de três ex-chefes de Estado.
"Pelo menos estamos instalando um diálogo entre a oposição e o governo legítimo", disse Maduro em Roma após se encontrar com o papa Francisco, que, na ocasião, fez um apelo ao Presidente venezuelano para que alivie o sofrimento do povo durante a grave crise económica.
O líder da coligação de oposição Jesus Torrealba foi cauteloso quanto às negociações.
"Diálogo não pode significar uma estratégia do Governo para ganhar tempo... É um espaço para se lutar por um país melhor para todos nós", comentou após um encontro com o enviado do Vaticano em Caracas.
As notícias sobre as negociações aparentemente apanharam alguns membros da oposição de surpresa, o que pode reacender divisões internas dentro da ampla coligação e irritar activistas que consideram que Maduro não está comprometido seriamente com o diálogo.
A oposição convocou um protesto nacional para esta quarta-feira, 25, à medida que o terceiro ano de recessão da Venezuela tem levado muitas pessoas a fazer uma refeição a menos por dia devido à escassez de alimentos e à alta dos preços.
Os dois lados não aunciaram qualquer agenda para as negociações.
Durante um protesto nesta segunda-feira, líderes estudantis disseram que 27 manifestantes ficaram feridos em confrontos com as forças de segurança na cidade de San Cristóbal, na fronteira com a Colômbia.