Governo de Moçambique vai investigar denúncia de suborno na compra de aviões

Embraer 190

Ministro dos Transportes e Comunicações reaje à divulgação de eventual pagamento de luvas na compra de dois aviões da Embraer pelas Linhas Aéreas de Moçambique.

O ministro dos Transportes e Comunicações de Moçambique revelou que as autoridades judiciais vão apurar um eventual suborno na compra de dois aviões da fabrante brasileira Embraer, em 2008, às Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), que estará a ser investigado pelos Estados Unidos.

“O Governo poderá sem, dúvida, aferir esses valores, através dos relatórios, dos processos aquisição e ver exactamente qual é a verdade que existe nessa informação”, disse nesta sexta-feira, 7, Carlos Mesquita quando questionado por jornalistas à margem da reunião do Comité Central da Frelimo, partido no poder, que começou hoje na Matola.

O governante, no entanto, afirmou não ter visto nenhumm prova sobre o assunto.

"Ainda não temos evidências absolutamente nenhumas, eu próprio vi esse artigo através das redes sociais”, sublinhou Mesquita que, no entanto, remeteu o assunto para as autoridades judiciais.

Antes das declarações do governante, uma fonte da LAM contactado pela VOA disse que, por agora, não cabe à empresa moçambicana reagir por não ter sido sequer chamada em nenhuma investigação, mas sim à Embraer responder.

A denúncia

Num artigo publicado na quinta-feira, 6, o jornal Folha de São Paulo revelou que a Embraer é alvo de investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos desde 2010 por causa da venda de aviões militares à República Dominicana.

A partir daí, a investigação foi ampliada a mais nove países nos quais a Embraer tem negócios e encontrou indícios de irregularidades em Moçambique, Índia e Arábia Saudita.

Ao que se sabe, os investigadores americanos centraram a sua atenção em negócios feitos pela Embraer entre 2008 e 2010, tendo a transação entre a empresa brasileira e a LAM acontecido em 2008.

Na altura, a empresa moçambicana comprou dois jatos Embraer 190.

A investigação americana teve início quando, em 2008, a Embraer vendeu oito aviões Super Tucano ao Governo da República Dominicana no valor de 92 milhões de dólares, tendo, na altura, pago 3,5 milhões de dólares em luvas a um coronel reformado da Força Aérea e alguns deputados.

O assunto veio a público quando o antigo gestor da área de Defesa da empresa Albert Phillip Close revelou que a Embraer pagou comissões para conseguir vender aeronaves à petrolífera estatal saudita Saudi Aramco, em 2010.

Após esta denúncia, a Embraer, ainda segundo a mesma fonte, passou a a colaborar com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos e a SEC, o órgão que fiscaliza o mercado americano de acções , de modo a evitar problemas maiores, nomeadamente junto da Bolsa de Valores de Nova Iorque, onde a empresa brasileira faz transações.

Em comunicado, a Embraer disse que "desde 2011 tem informado publicamente que vem conduzindo uma ampla investigação interna e cooperando com as autoridades competentes".

A companhia, no entanto, recusou dar detalhes sobre o processo de venda dos aviões à LAM, mas adiantou que "expandiu voluntariamente o escopo da investigação, reportando sistematicamente a evolução do caso ao mercado” e reiterou estar a negociar um “acordo com as autoridades americanas".