Um documento do Ministério das Finanças de Moçambique divulgado junto de investidores revela que o país não tem capacidade financeira para pagar as próximas prestações das dívidas das empresas públicas com as chamadas “dívidas ocultas”.
O ministério dirigido por Adriano Maleiane reiterou a necessidade da reestruturação dos pagamentos e uma nova ajuda financeira do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“Moçambique fura todos os cinco indicadores para avaliar a sustentabilidade da dívida", lê-se no documento que reconhece que “o perfil da dívida pública e garantida pelo Estado de Moçambique não é sustentável”.
O Ministério das Finanças revela ainda que a dívida pública vai chegar a 130% do Produto Interno Bruto revê em baixa o crescimento económico para 3,7%.
O documento reconhece também que o país tem falta de credibilidade junto do FMI e dos credores internacionais, depois de ter ocultado dívidas no valor de 1,4 mil milhões de dólares contraídas nos últimos anos.
Entretanto, o director nacional de Estudos Económicos e Financeiros no Ministério da Economia e Finanças, Vasco Nhabinde, admitiu nesta terça-feira, 25, que os cortes no âmbito das medidas de contenção podem ser dolorosos, no curto-prazo, mas serão benéficos no médio e longo-prazo.
Nhabinde disse aos jornalistas, à margem de um fórum em Maputo, que as medidas “são necessárias para reequilibrar a economia".
Aquele responsável reiterou que o crescimento de 2016 será o pior dos últimos 10 anos e que o Governo terá de fazer “cortes em encargos como subsídios, bónus e despesas com viagens”.
Vasco Nhambinde garantiu que, se os pressupostos para a retoma forem rigorosamente observados, o país tem condições para voltar aos níveis de crescimento económico da última década.