Assustada com o que chama de sinais de extrema pobreza, a Comissão de Direitos Humanos na província angolana de Benguela, integrada por membros do Governo, reprova a distribuição de bens da cesta básica a famílias carentes, um modelo que ganha corpo nesta fase de pandemia.
O grito pela mudança de actuação coincide com alertas da direção da UNITA, partido líder da oposição política, que diz estar preocupada com o quadro social vigente no segundo parque industrial do país.
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No resumo de visitas de constatação ao longo da última semana, extensivas a unidades prisionais, a delegada provincial da Justiça e dos Direitos Humanos, Paula Marisa, pediu ações concertadas para soluções sustentáveis, e não temporárias.
"Para que juntos possamos buscar soluções. É bem verdade que o Governo provincial também já passou por estas localidades, entregando comida às populações, mas estamos em crer que esta não é a solução’’, afirmou Marisa.
Daqui a dois anos, conforme as projeções, o programa de transferências monetárias denominado ‘’Kwenda’’, com o qual as autoridades darão 8.500 kwanzas a cada família carente, precisamente para compra da cesta básica, deverá chegar a todas as províncias.
O secretário provincial da UNITA, Abílio Kaúnda, que terminou igualmente de uma jornada de avaliação do quadro social nos 10 municípios da província, revela que a degradação das vias agudiza a situação de fome.
“Há problemas de fome, as populações não têm poder de compra. Independentemente disso, as vias nas áreas onde se pode produzir estão mal, não há como escoar. É triste porque não se aposta no campo para beneficiar as cidades’’, critica o representante do partido da oposição.
Kaúnda diz que o programa ‘’Kwenda’’ é completamente desajustado à realidade angolana.
"É uma ideia ténue, primeiro porque as famílias angolanas são extensas, podem ter até 15 membros. E o valor nem chega para a cesta básica, dá para um dia. Portanto, são políticas para inglês ver’’, conclui.