Mais de 24 horas depois do início aprazado para a entrega dos restos mortais de Jonas Savimbi aos familiares e UNITA, continua o impasse e a troca de acusações entre o Governo e aquele partido.
Os familiares do antigo guerrilheiro dizem que o Executivo não está a dizer a verdade.
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O ministro de Estado e chefe da Casa Civil da Presidência da República, Pedro Sebastião, voltou a acusar nesta quarta-feira, 29, a UNITA de ser um “elemento perturbador” do processo, e reiterou que o partido sabia que os restos mortais de Savimbi seriam entregues no Andulo na terça-feira, 28.
"Enquanto outros componentes, no caso concreto da UNITA, ao que parece, persegue objectivos políticos, e atrapalha tudo aquilo que se vai decidindo em termos de comissão. (...) Enquanto o contacto foi apenas com a família, começamos a encontrar alguns procedimentos que, de certa maneira, beliscavam essa relação, que culminou com o que assistimos ontem. São elementos um pouco estranhos à vontade expressa da família, com quem temos dialogado sem sobressaltos", disse Sebastião.
“O Governo cumpriu as formalidades legais e dará destino se houver demora que se justifique", avisou o ministro de Estado, em virtude de a instalação militar onde se encontra a urna não estar preparada para tal.
Pedro Sebastião concluiu que “quem está mais interessado no desfecho de tudo isso é a família biológica, que está a passar por momentos alheios à sua vontade, por capricho de outras pessoas que não o Governo".
Resposta
O filho do fundador da UNITA, Rafael Massanga Savimbi, tem opinião contrária e diz não haver “nenhuma divergência entre os familiares e a direcção do partido”.
“Afinal somos nós mesmos, sempre antes de nos reunirmos com o Governo concertamos com o presidente do partido e demais membros da UNITA, por isso achamos que o general Pedro Sebastião está a mentir, assumo isso", disse.
Ernesto Mulato, coordenador por parte da UNITA na comissão das exéquias de Savimbi, está no Andulo, mas diz não ter visto os restos mortais do antigo guerrilheiro.
“Há procedimentos e aguardamos", sublinha minimizando, por seu lado, o desafio do ministro de Estado para que a UNITA se apresse em tomar restos mortais do seu fundador, sob pena de os militares poderem dar um outro tratamento ao corpo.
"Estamos, num Estado de direito e cada um assume as suas responsabilidades, somos angolanos como eles e esses pronunciamentos de Pedro Sebastião não nos preocupam, tenhamos calma, este país não tem dono", concluiu Mulato.
A UNITA reiterou hoje que o enterro de Jonas Savimbi acontece no sábado, 1 de Junho, no cemitério de Lopitanga, na província do Bié, onde estão sepultados os pais.