Governo de Manica garante que o número de produtores de cannabis sativa, vulgo soruma, reduziu, nos últimos anos, em resultado das suas campanhas.
Tais campanhas incluem o incentivo aos camponeses para trocarem o cultivo de cannabis por cereais.
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Alguns agricultores, no entanto, admitem que o que mudou é a táctica de escoamento por parte dos que ainda cultivam a cannabis.
A tese do Governo é defendida pela queda nas estatísticas de apreensão da droga, entre Janeiro e Junho deste ano. Foram apreendidas cerca de 350 quilogramas de cannabis contra mais de 600 em igual período do ano passado.
Maior quantidade – 330 quilogramas - foi apreendida nos distritos de Guro e Sussundenga. A outra parte foi na capital Chimoio e nos distritos de Vanduzi e Mossurize.
A informação foi avançada à VOA pelo governo durante a incineração na quarta-feira, 26, da droga apreendida este ano.
“Houve uma redução de 57,3% por cento na apreensão de cannabis” disse João Mussona, director provincial do gabinete de prevenção e combate a droga de Manica.
O responsável disse que campanhas multissectoriais, incluindo dos serviços agrários, estão em curso em Manica, para desencorajar a produção da droga após ter atingido proporções assustadoras.
Camponeses dizem que a produção continua
Entretanto, alguns camponeses têm outra versão. Asseguram que a droga ainda é cultivada e comercializada de forma ilícita, havendo muitos produtores a abrir novos campos em matas cerradas para contornar o controlo estatal.
“Ainda é muito cultivada, ainda existe aquela boa semente de soruma,” disse um camponês de Guro, que pediu anonimato, por temer represálias.
Ele explicou que muitos camponeses pastam os animais nos campos, escoam o produto em excrementos, e não mais em folhas como anteriormente.
“Muitos continuam a produzir a soruma, mas a maioria em porções muito pequenas, três ou cinco plantas para consumo próprio, para ter força de trabalhar na machamba” disse um outro agricultor de Sussundenga.
O governo iniciou a sensibilização em 2011, após a polícia ter desactivado 200 hectares de campos de cultivo da droga em Calombolombo (Guro) e incinerado 18 toneladas.
No final da operação, a justiça concedeu uma amnistia a todo o povoado de Calombolombo e o governo disponibilizou sementes e tractores para a produção alimentar.
Alegando falta de mercado para a sua produção alimentar, em 2015, a comunidade ameaçou retomar o cultivo de cannabis.
Os residentes dizem que antes a droga era para consumo e comercialização no país, Africa do Sul e Zimbabwe.
As autoridades da agricultura em Manica declinaram comentar se o Governo pondera a produção em grande escala da cannabis, para outros fins, incluindo medicinais, tal como anunciaram os vizinhos Zimbabwe e Malawi.