O Centro de Integridade Pública (CIP) alerta para o facto de que se está a olhar apenas para a Total que suspendeu as suas actividades em Afungi, por causa do ataque à vila de Palma, quando, na verdade, existem muitas outras empresas na mesma situação que precisam de apoio, e diz que o Governo deve estar preparado para eventuais tentativas de renegociação de contratos por parte das empresas.
Your browser doesn’t support HTML5
Em meados do ano passado, a petrolífera francesa Total havia interrompido as suas actividades por causa da Covid-19, e voltou a fazer o mesmo, desta feita por causa dos ataques da insurgência.
Para o CIP, isto vai ter graves implicações no calendário de execução do projecto de gás natural liquefeito, na bacia do Rovuma, uma vez que com este atraso, ficam também comprometidas todas as outras variáveis.
Veja Também Combates em Palma: Ofensiva jihadista pode querer forçar negociações com multinacionais"Está-se a falar apenas da Total, porque a companhia está localizada próxima do local do ataque, mas em Cabo Delgado existem outras companhias que estavam a retomar as suas actividades, após uma suspensão, igualmente por causa da pandemia de Covid-19, que também precisam de apoio", afirmou Inocência Mapisse, pesquisadora do CIP.
Mapisse disse que os ataques estão a exacerbar as dificuldades que as empresas do sector extractivo estavam a enfrentar por causa da Covid-19, e elevam o nível de incertezas, não apenas nesta área, como também ao nível da economia no geral.
"Grande parte das projecções do Orçamento de Estado é feita tendo em conta a execução dos projectos de gás na bacia do Rovuma", referiu a pesquisadora.
Veja Também Cabo Delgado: Funcionários públicos dizem que é inseguro retornar ao trabalho nos distritos atacados por insurgentesO presidente do Conselho Empresarial de Cabo Delgado, Gulamo Abubacar, disse que "esta é uma situação da qual se pode sair se formos capazes de encontrar uma solução".
"Temos que encontrar uma solu,ão para isto, porque a situação está a tornar-se insustentável", apelou aquele empresário.
Para o presidente da Associação dos Economistas de Moçambique, Pedro Cossa, com estes ataques armados em Cabo Delgado, o país torna-se mais caro para os investimentos e deixa de ser competitivo.
Entretanto, Inocência Mapisse sublinha que a violência armada em Cabo Delgado acaba colocando também desafios às companhias, que devem ser colmatados, "porque uma das vias que este tipo de empresas usa a nível internacional é renegociação dos termos de contratos e uma das áreas que tem sofrido nessa renegociação é a fiscal".
"O Governo deve estar preparado para argumentar e estabelecer tecto, para garantir que a exploração de recursos aconteça e seja benéfica para o país", concluiu a pesquisadora do CIP.