O Governo da Etiópia rejeitou os apelos dos Estados Unidos para a retirada das tropas federais etíopes e eritreias da província etíope do Tigray, em guerra desde o passado de Novembro.
Em resposta ao apelo do secretário de Estado americano, Anthony Blinken, no passado, para que as tropas deixem a província, o Ministério dos Negócios Estrangeiros etíope afirmou que esta é uma questão a ser decidida pelo Executivo etíope e não por uma potência estrangeira.
Tanto Adis Abeba como Amhara negam o envolvimento das forças eritreias no conflito, apesar dos testemunhos de civis, trabalhadores humanitários e de vários funcionários militares e governamentais.
Antony Blinken disse no sábado que os Estados Unidos estão "seriamente preocupados com relatos de atrocidades e a deterioração geral da situação em Tigray".
Os EUA defendem uma investigação internacional completa e independente de todos os relatos de violações, abusos e atrocidades dos direitos humanos”, segundo Blinken, acrescentando que os responsáveis por eles "devem ser responsabilizados".
Blinken sublinhou ainda que a “retirada imediata das forças da Eritreia e das forças regionais de Amhara de Tigray são os primeiros passos essenciais" a tomar pelo Governo etíope, acompanhados de “declarações unilaterais de cessação das hostilidades por todas as partes no conflito e um compromisso de permitir a entrega livre de assistência às pessoas em Tigray".
"Limpeza étnica"
A 4 de Novembro, o exército da Etiópia deu início a uma ofensiva em Tigray alegadamente contra ataques da Frente de Libertação do Povo de Tigray.
Milhares de pessoas fugiram para o Sudão e relatórios de activistas, organizações internacionais e grupos independentes apontam para perseguição, violações sexuais e deslocamentos forçados.
Um relatório da Administração americana revela que o Governo da Etiópia conduz "uma campanha sistemática de limpeza étnica" sob o manto da guerra na região de Tigray, amplamente controlada pelas milícias Amhara no norte do país.
O New York Times, que teve acesso ao documento elaborado no início de Fevereiro, diz que o relatório descreve "em termos rígidos uma terra de casas saqueadas e vilas desertas, onde dezenas de milhares de pessoas estão desaparecidas".
O documento afirma que algumas pessoas fugiram para o mato ou cruzaram ilegalmente para o Sudão, enquanto outras foram presas e realojadas à força noutras partes de Tigray.