O Governo angolano diz desconhecer a quantidade de dinheiro desviado para o exterior do país, nem o valor a recuperar depois de entrar em vigor a nova lei sobre o repatriamento de capitais actualmente em discussão.
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O secretário do Presidente da República para os Assuntos Políticos, Constitucionais e Parlamentares, Marcy Lopes, afirmou que "ninguém sabe quanto dinheiro existe lá fora” porque, se assim fosse, “o Estado teria meios necessários para o ir buscar ”sem necessidade da aprovação da legislação".
Marcy Lopes respondia às preocupações dos deputados da Assembleia Nacional durante a discussão na especialidade da proposta de Lei do Repatriamento de Recursos Financeiros Domiciliados no Exterior do país, de iniciativa do Governo.
Relativamente ao que se espera da recuperação desses valores, Marcy Lopes disse que tal não passa de uma "expectativa" porque "ninguém sabe quanto dinheiro existe" e manifestou a esperança de que a lei a ser aprovada venha a garantir “mecanismos jurídicos para se ir buscar o dinheiro que está lá fora".
Entretanto, o economista Faustino Mumbika considera a revelação como sendo uma “teoria que pretende ludibriar a opinião pública pelo facto de, segundo afirmou, “os implicados serem os mesmos que estão no actual Governo”.
Aquele especialista diz que o Estado angolano sabe o valor do dinheiro subtraído do erário público, incluindo o local onde se encontra.
Por seu turno, o líder da bancada parlamentar da CASA-CE, André Mendes de Carvalho, interroga-se se não é “um exercício fútil e uma perda de tempo” discutir leis sobre matérias em que se saiba quanto dinheiro foi levado ilegalmente para o estrangeiro.
O deputado apela ao Executivo a partilhar essa informação com os parlamentares, reforçando que se o Presidente da República iniciou esse exercício "é porque tem alguma expectativa".