Governo angolano deve procurar ajuda de ONGs para melhorar saúde “lastimável” das crianças, diz activista

  • Agostinho Gayeta

Crianças desnutridas no município do Curoca, província do Cunene, Angola.

O governo angolano necessita de envolver organizações da sociedade civil se na verdade quer garantir a melhoria dos cuidados de saúde das crianças que se encontra actualmente em estado “lastimável”, disse Fernando Guelenge que coordena o Projecto Matamba..

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Governo angolan não cumpriu compromissos com a criança – 19:48

Guelengue comentava o actual estado da política de saúde para as crianças por ocasião do Dia Mundial da Criança em que o governo foi criticado por falhar no cumprimento dos 11 compromissos da criança para os ODs-Objectos de Desenvolvimento do Milénio.

“É lastimável. Não precisamos de lupas ou de óculos graduados para perceber que [a saúde da criança] é uma situação precária”, disse.

“Efectivamente o Estado falhou porque não vê a aplicação efectiva destes compromissos na vida das crianças angolana”, acrescentou Guelengue em referência aos “11 Compromissos” assumdos com o futuro da criança.

Para Guelengue a contribuição da sociedade civil éimportante para mudança de paradigma dos compromissos da criança em Angola.

O Jornalista e Coordenador do Projecto Matamba afirma que o Governo precisa olhar para estas organizações como parceiras e não como inimigas, uma vez que cada angolano deve se sentir no direito e na obrigação de desenvolver o meio onde vive garantindo o melhor para as crianças que são o futuro do país.

“As organizações nacionais e internacionais elas servem para dar suporte ao Governo. Elas são parceiras do Estado. As vezes vimos o Governo a olhar para elas como inimigas. Não há país algum no mundo que desenvolve sem a ajudar de instituições parceiras que ajudam o Governo intervindo em zonas onde o Governo não consegue chegar”., disse.

Por seu turno o médico Clarry Ndongala que actua sobretudo em zonas rurais no sentido de garantir o acesso à informação correcta sobre saúde em comunidades desfavorecidas fala do desconhecimento da população sobre questões de saneamento, prevenção de doenças correntes o que se agrava pela ausência de políticas de educação para saúde a nível das unidades sanitárias, das escolas e das igrejas.

“O projecto constata que as crianças nas zonas rurais precisam de se adaptar a um estilo de vida saudável”, referiu o médico que cita como exemplo o desconhecimento de medidas de prevenção de doenças correntes.

A garantia dos direitos fundamentais das crianças como o acesso aos cuidados primários de saúde e à assistência médica e medicamentosa é um dos aspectos mais preocupantes no compromisso ratificado pelo Estado angola há mais de 15 anos.

As autoridades angolanas reconhecem os fracassos no alcance das metas em relação aos petizes.

A Ministra de Estado para Área Social, Carolina Cerqueira, referiu recentemente, em cerimónia pública, que o “governo tem consciência do momento crucial que o país atravessa, reiterando o compromisso e a vontade do Governo para reverter a situação difícil que as crianças ainda vivem, assim como para reverter o ciclo da pobreza e do trabalho infantil”.

A governante falava por ocasião do lançamento do projecto PANETI- Programa de Acção Nacional para a Erradicação do Trabalho Infantil.

O MPLA em nota difundida na imprensa da celebração mundial, apelou a todas as forças vivas da Nação a promoverem continuamente acções que visam a protecção dos direitos das crianças, mormente a educação harmoniosa, saúde, condições de vida e ensino, que constituem prioridade absoluta da família, do Estado e da Sociedade.

Fernando Guelengue afirmou que o governo pode “definir propriedades e financiar as acções de saúde comunitária e de promoção saúde”.

Podem ajudar a melhorar o saneamento básico, criar programas de luta antivectoriais, fumigação, eliminação de moscas, mosquitos, ratos, baratas, eliminação de lixo, charcos e lagoa. E acima de tudo, é ponto-chave para o reflexo imediato, supervisionar e auxiliar com cobertura medicamentosa a rede sanitária de atenção primária de saúde”, afirmou