O secretário adjunto dos Estados Unidos para os Assuntos Africanos, Tibor Nagy, pediu ao chefe da diplomacia do Zimbabwe, Sibusiso Moyo, ajuda das suas forças armadas no combate aos insurgentes na província moçambicana de Cabo Delgado, revelaram fontes conhecedoras do assunto citadas pela agência de notícais Bloomberg.
O pedido terá sido feito numa conversa telefónica entre Nagy e Moyo na semana passada, acrescentaram as fontes que pediram o anonimato.
Do seu lado, o chefe da diplomacia zimbabweana terá solicitado, em troca, o fim das sanções americanas contra Harare, mas uma fonte do Departamento de Estado refutou essa ideia de "troca".
O general Sibusiso Moyo, que participou ativamente no golpe militar que afastou em 2018, o antigo Presidente Rober Mugabe, manifestou ao governante americano que o Presidente Emmerson Mnangagwa compartilha das preocupações de Washington com a presença de insurgentes em Moçambique e que “os dois países têm interesses estratégicos noutros lugares, mas que as sanções continuam a ser um obstáculo".
“O secretário adjunto e o ministro das Relações Exteriores do Zimbabwe discutiram como a implementação das reformas económicas e políticas prometidas irá restaurar a reputação internacional do Zimbabwe, reconstruir a sua economia e dar voz a todos os cidadãos”, confirmou um porta-voz do Departamento de Estado americano, citado pelo mesma agência de notícias.
A fonte garantiu que “eles não discutiram o alívio de sanções em resposta à ajuda contra o terrorismo.”
Por seu lado, o jornal estatal Herald citou Moyo como tendo dito a Nagy que "esta é a hora para os Estados Unidos e o Zimbabwe começarem a olhar para as questões estratégicas maiores" e normalizem as relações.
Recorde-se que, em abril, os Presidentes de Moçambique, Filipe Nyusi, e do Zimbabwe, Emmerson Mnangagwa, encontraram-se em Manica, capital da província moçambicana de Manica, e, juntamente com os respetivos ministros de Defesa, analisaram a situação em Cabo Delgado.
Um comunicado da Presidência de Moçambique confirmou, na altura, que os dois estadistas condenaram veementemente a situação em Cabo Delgado e partes das províncias de Manica e Sofala, “onde grupos terroristas e armados protagonizam ataques, assassinatos e destruição de infraestruturas públicas e privadas”.