O governador do Banco Nacional de Angola (BNA) afirmou na primeira edição do Angola Economic Outlook 2023, nesta quinta-feira, 27, em Luanda, que a dificuldade de concessão de créditos da banca comercial deve-se à fraca qualidade dos projectos apresentados pelos empresários.
E deu exemplo de uma linha de crédito de um banco alemão que está sem ser usada há muito tempo por este motivo.
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José de Lima Massano afirmou que os bancos comerciais têm tido enormes dificuldades porque os empresários nacionais não apresentam projectos exequíveis, que são chumbados.
A Voz da América falou com homens de negócios, como Rui Magalhães, produtor da área da Ganda em Benguela, quem, embora dê razão a Massamo, deixou algumas questões para apreciação do homem forte do BNA.
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"O que o governador do BNA e outras entidades dizem é muito facil, então em Angola os únicos bons são os agentes do Estado? Então, muitos deles deviam sair de onde de estão e vir cá fora, já que são os únicos competentes, e fazer funcionar a economia", aponta Magalhaes, quem lembra que "a segurança dos projectos e da propriedade não é feita pelos empresários".
"Então, se um empresário tiver uma fazenda e lhe roubam todos os dias e ele não consegue resolver isto junto da justiça, como é que se vai querer que ele
invista? O problema não é do empresário, é conjuntural", afirma aquele empresário.
Para o presidente da Associação Industrial Angolana (AIA), da forma como o governador do BNA coloca a questão, só tem uma interpretação a fazer
"Isso é utopia, o objectivo político do Governo é sair da crise profunda de falta de emprego, falta de consumo, e da situação social em geral que se encontra, por isso tem de haver uma avaliação mais objectiva e não continuarmos com subjectividades de que a culpa é de um ou é de outro".
Como representante da AIA, José Severino garante que na quarta-feira, 26, teve a oportunidade de tratar deste e outros assuntos com várias entidades do Estado, incluindo o próprio governador do BNA, e "dissemos que tem que haver créditos com prazo de reembolso de 8 10 anos e correcção de 18 a 24 meses porque, infelizmente, Angola teve um socialismo que não permitiu a capitalização da maioria dos empresários".
O economista Damião Cabulo é da mesma opinião, a situação é mais profunda do que se avalia.
"É um problema conjuntural, nós estamos sempre a acusar este e aquele como culpado, será que os bancos estarão preparados para conceder créditos aos empresários, eu penso que o problema é mais institucional, não é apenas dos empresários, o próprio banco central não está devidamente organizado, para uma economia que se deseja", afirmou.
A Voz da América conversou com alguns reprsentantes de bancos comerciais que, sem gravar entrevista, confirmaram que a maior parte dos projectos apresentados não têm qualidade para mercer crédito da banca.