Gaza:Altos diplomatas da Inglaterra e Alemanha pedem “cessar-fogo sustentável”

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Uma imagem mostra a destruição em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, em 17 de dezembro de 2023, resultante de semanas de bombardeamento israelita ao território palestiniano em meio a batalhas contínuas com o grupo militante Hamas.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Cameron, e a sua homóloga alemã, Annalena Baerbock, apelaram a um “cessar-fogo sustentável”, em Gaza, num artigo conjunto publicado, no Sunday Times britânico.

“Devemos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para preparar o caminho para um cessar-fogo sustentável, que conduza a uma paz sustentável”, escreveram os dois diplomatas. “Quanto mais cedo acontecer, melhor – a necessidade é urgente.”

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse num comunicado, neste domingo, 17, que a sua equipa participou numa missão de saúde da ONU, no Hospital Shifa, no norte de Gaza, no sábado, 16, entregando medicamentos e suprimentos cirúrgicos, equipamentos de cirurgia ortopédica e materiais e medicamentos para anestesia.

A instalação é “minimamente funcional”, disse a OMS, operando com uma equipa de “apenas um punhado de médicos e algumas enfermeiras, juntamente com 70 voluntários”.

A OMS disse que “dezenas de milhares de pessoas deslocadas” se abrigaram nos edifícios e terrenos do hospital.

Os militares israelitas disseram hoje que as suas tropas, em Jabalia, encontraram uma entrada no quarto de uma criança que levava aos túneis do Hamas. O vídeo da descoberta foi postado online.

O primeiro-ministro do Israel, Benjamin Netanyahu, disse durante uma conferência de imprensa, no sábado, que os assassinatos acidentais de três reféns israelitas pelas tropas do país, na sexta-feira, “partiram o meu coração, partiram o coração de toda a nação”.

Netanyahu classificou a guerra entre Israel e o Hamas como uma guerra existencial que deve ser travada até à vitória, apesar da pressão e dos custos, acrescentando que Gaza seria desmilitarizada e sob controlo de segurança israelita.

“Estamos tão empenhados como sempre em continuar até ao fim, até desmantelarmos o Hamas, até devolvermos todos os nossos reféns”, disse ele.

Netanyahu disse que a ofensiva em Gaza ajudou a garantir um acordo parcial de libertação de reféns em novembro. “A instrução que estou a dar à equipa de negociação baseia-se nesta pressão, sem a qual não temos nada”, disse ele.

Um alto funcionário do Hamas, Osama Hamdan, disse que não haverá mais libertação de reféns até que a guerra termine e Israel aceite as condições do grupo militante para uma troca. Netanyahu disse que Israel nunca concordaria com tais exigências.

Várias centenas de famílias, amigos e apoiantes de reféns israelitas detidos por militantes do Hamas, em Gaza reuniram-se, no sábado, em Tel Aviv na "Praça dos Reféns", apelando ao governo israelita para negociar a libertação dos restantes reféns.

O porta-voz dos militares israelitas, contra-almirante Daniel Hagari, disse que as tropas israelitas identificaram erroneamente os reféns como uma ameaça e atiraram contra eles, na sexta-feira, quando saíam de um prédio agitando uma bandeira branca para mostrar que não representavam nenhuma ameaça.

Ele disse que não estava claro se os reféns escaparam dos seus raptores ou foram abandonados. As suas mortes ocorreram, no distrito de Sheijaia, em Gaza, palco de batalhas sangrentas entre os militares de Israel e os militantes do Hamas.

Hagari disse que o exército expressou “profundo pesar” e está a investigar.

Depois de dois primeiros reféns terem sido baleados, o terceiro jovem correu de volta para o prédio gritando por socorro em hebraico. O comandante emitiu uma ordem de cessar fogo, mas outra rajada de tiros matou o terceiro homem, disse um oficial militar israelita.

De acordo com uma investigação preliminar, os soldados que seguiram o terceiro refém até ao edifício acreditavam que ele era um membro do Hamas que tentava atraí-los para uma armadilha, informou o jornal israelita Haaretz.

O comportamento dos soldados foi “contra as nossas regras de combate”, disse aos jornalistas o oficial militar, que falou sob condição de anonimato para informar os repórteres de acordo com os regulamentos militares.

Ele observou que o incidente estava a ser investigado ao mais alto nível.

O relato de como os reféns morreram levanta questões sobre a conduta das tropas terrestres israelitas. Os palestinianos relataram em diversas ocasiões que soldados israelitas abriram fogo enquanto civis tentavam fugir para um local seguro.

O Hamas afirmou que outros reféns foram mortos anteriormente por tiros ou ataques aéreos israelitas, sem apresentar provas.

Combates intensos continuaram no sábado em Gaza entre as forças israelitas e o Hamas, um grupo terrorista designado pelos EUA e pela UE, apesar dos apelos das autoridades americanas para que Israel usasse ataques mais precisos contra os líderes do Hamas em Gaza, em vez de bombardeios generalizados e operações terrestres.

Moradores do norte de Gaza relataram fortes bombardeios e sons de tiroteios durante a noite e sábado na devastada cidade de Gaza e no campo de refugiados urbanos próximo de Jabaliya.

Ataques aéreos e bombardeamentos de tanques durante a noite também foram reportados nas cidades de Khan Younis e Rafah. A imprensa palestiniana disse no sábado que dezenas de palestinianos foram mortos nos ataques aéreos.

O exército israelita disse no sábado que invadiu duas escolas na cidade de Gaza, dizendo que eram um esconderijo do Hamas. Na sexta-feira, os militares disseram que as suas tropas destruíram um centro de comando e controlo do Hamas em Sheijaia e conduziram um “ataque direcionado” à infraestrutura militante em Khan Younis.

O Médio Oriente tem sido um barril de pólvora desde que o Hamas, apoiado pelo Irão, lançou um ataque terrorista contra Israel, a 7 de Outubro, matando, pelo menos, 1.200 pessoas e fazendo cerca de 240 reféns, segundo Israel.

A resposta de Israel, tanto com ataques aéreos como com uma ofensiva terrestre, matou mais de 18 mil palestinianos, uma grande percentagem dos quais mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, gerido pelo Hamas.