O Gana prepara-se para acolher neste sábado, 6, a cerimónia de empossamento do Presidente eleito, Nana Akufo-Addo, e dos deputados.
A transição pacífica do poder é celebrada como uma vitória para uma das mais estáveis democracias de África e, ao mesmo tempo, a derrota do antigo partido governamental, o Congresso Nacional Democrático.
As eleições de 2016 no Gana presenciaram algo de novo, com John Mahama a deixar o cargo após um mandato.
"Penso que fui o único a antever que isto ia acontecer”, disse Jerry Rawlings, considerado o "pai político" do Gana e antigo Presidente.
A negatividade, a impunidade, o desrespeito e a corrupção estavam a fazer-nos descer. Perdemos muita boa vontade e se não fizermos uma introspecção e nos arrependermos por trair a confiança do povo, não iremos recuperar a tempo da próxima eleição”, reforçou Rawlings, que é membro partido mas que se manteve ausente da campanha de reeleição de Mahama.
O Congresso Nacional Democrático chegou ao poder, em 2009, com a eleição do Presidente John Atta Mills.
Após o seu falecimento três anos tarde, o seu vice-presidente John Mahama, assumiu o poder e venceu as eleições depos, tendo sido derrotado em Dezembro por Nana Akufo-Addo com uma margem de um milhão de votos.
O Congresso Nacional Democrático perdeu igualmente a maioria parlamentar.
Alguns observadores veem paralelos com a queda na Nigéria do Partido Democrático do Povo.
O sufrágio de 2015 assistiu a uma coligação da oposição para afastar o Partido Democrático do Povo de todos os níveis do poder, incluindo a presidência.
Mahama junta-se agora ao seu homólogo Nigeriano Goodluck Jonathan no clube dos presidentes africanos que cumpriram um mandato.
Algumas das razões da são idênticas, como dificuldades económicas, ausência de electricidade, corrupção e aumento do desemprego.
O analista político ganês Bossman Asare considera que a deficiente prestação por parte do Governo e a superconfiança do partido custaram a eleição.
“Ao longo dos anos o espaço democrático tem aumentado, a transparência aumentou e os eleitores tornaram-se mais sofisticados. A nossa democracia está como nas sociedades avançadas da Inglaterra, da Alemanha ou dos Estados Unidos, onde a permanência no poder deixou de ter significada”, explica Asare.