A última semana foi cheia para o presidente Jair Bolsonaro. Uma agenda internacional extensa, que passou pela Itália, no encontro do G-20. Mas o que o mundo viu foi um presidente que quase não teve conversas e negociações com os demais países.
No Brasil, um Bolsonaro isolado do mundo foi motivo de críticas no Congresso. Segundo especialistas, desde a saída de Trump do poder, esse é o cenário do Brasil nas relações internacionais.
“A vida de Bolsonaro não é das melhores em relação aos líderes conservadores, como Índia e Turquia. Tanto o mundo democrático ou liberal vêem Bolsonaro e Brasil como pária a serem evitados”, avalia Vinicius Barros, especialista em relações internacionais.
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E nesta semana começou a COP 26, a Conferência das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas. O evento acontece em Glasgow, na Escócia e reúne líderes mundiais pra discutir novos acordos e compromissos para os países diminuírem as emissões de gases, além de metas para melhorar o meio ambiente.
Mas o Presidente brasileiro decidiu não marcar presença. Enviou apenas o ministro do meio ambiente e diplomatas para negociar as metas brasileiras. Para Barros, o problema não está na presença de Bolsonaro, mas sim na política ambiental brasileira. “O que poderia ter amenizado a situação na COP seria o envio de Mourão [o vice-presidente] para representar o país”, opina.
O primeiro grande acordo assinado pelo Brasil e outros cem países foi o Compromisso Global do Metano. O gás é um dos principais responsáveis pelo aquecimento global no mundo. O Brasil é um dos cinco maiores emissores no mundo e se comprometeu em reduzir o metano em 30%.
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O Brasil também apresentou uma nova meta geral de redução de gases estufa até 2030, de 43% para 50%. O governo brasileiro, no entanto, não deixou claro qual será a redução real na próxima década.
Outra meta divulgada na COP 26 é de zerar o desmatamento ilegal até 2028, mas o Brasil ainda está longe da última promessa, no Acordo de Paris, em 2015. Na época, o país prometeu reduzir para 3 mil quilómetros quadrados a área desmatada por ano. Os números atuais são de quase 11 mil quilómetros quadrados a região devastada.
Os números apresentados pelo Brasil foram criticados por não avançarem desde os últimos acordos assinados, quando Dilma Rousseff ainda era Presidente.
“Restou ao Brasil estabelecer compromissos que são muito bons no papel, mas o caminho pra esses compromissos são pouco factíveis”, afirma Vinicius. “Para reduzir o metano, por exemplo, o Brasil teria que afetar a agricultura, já que o gado é o principal emissor do gás no país”, explica. “Nós temos um cenário que o Brasil faz de conta que se compromete e o mundo faz de conta que aceita”, critica.