A organização de promoção de democracia com sede em Washington, NED (em português Fundo Nacional para a Democracia), que no passado dia 7 atribuiu a Rafael Marques o Prémio Democracia NED 2017, revelou estar a acompanhar o processo instituído ao jornalista e activista angolano pelo Procurador-Geral da República.
O senador democrata Ben Cardin também reagiu dizendo que está a seguir o caso e classificou as acusações contra Marques de uma "táctica intimidatória".
“Os implacáveis esforços de Rafael Marques para expor a corrupção em Angola, apesar da constante perseguição e ameaças legais e físicas contra ele são os motivos que levaram o NED a homenageá-lo”, escreve o presidente daquela organização em nota divulgada na quarta-feira, 21.
Carl Gershman promete seguir “este caso de perto” e diz “estar certo que os meios de comunicação e a comunidade internacional que conhecem e respeitam o importante trabalho de Rafael também estão a prestar a devida atenção ao caso”.
O Ministério Público de Angola acusou Rafael Marques de crimes de injúria e ultraje a um órgão de soberania, depois de o Procurador-Geral da República ter apresentado uma queixa contra o jornalista devido a uma notícia publicada no seu portal Maka Angola, em Novembro de 2016, intitulada “Procurador-Geral da República envolvido em corrupção".
Na notícia, Marques denunciou o negócio alegadamente ilícito de construção de um condomínio residencial num terreno em Porto Amboim, província do Kwanza Sul, com o envolvimento de João Maria de Sousa.
Na verdade, apesar do contrato ter sido assinado, a obra não saiu do papel.
Senador Ben Cardin defende Marques
Outra reacção nos Estados Unidos é a do senador democrata Ben Cardin que classifica as acusações de uma "táctica intimidatória" contra Marques.
Em nota, Cardin lembra que o Governo angolano, há muito "tenta silenciar" o jornalista, que tem sido um "cruzado na luta contra a corrupção" em Angola.
"Tive a honra de conhecer Rafael Marques de Morais no início deste mês, aqui em Washington, onde o Fundo Nacional para a Democracia o distinguiu com o Prémio Democracia 2017 pelos incansáveis e longos esforços para denunciar a corrupção em Angola", continua o senador no comunicado em que promete acompanhar “de perto a evolução do caso, esperando que os direitos legais de Marques sejam escrupulosamente respeitados".
Cardin vai mais longe e diz que o facto de o Governo angolano ter "optado por esperar pela atribuição da distinção para o acusar (…) não mais é do que uma táctica intimidatória".
"É altura de as autoridades angolanas demonstrarem respeito, abertura e tolerância às críticas de cidadãos que estão a exercer o direito constitucional de liberdade de expressão", recomenda o senador democrata.
Refira-se que o director do jornal angolano O Crime, Mariano Lourenço, também responde ao mesmo processo por ter publicado o texto de Rafael Marques.